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Geologia explica origem do petróleo na Bacia do Ceará
Um mapeamento geológico de parte da Bacia do Ceará e hipóteses sobre como se deu o processo de formação de petróleo e gás na região são os principais pontos da tese de doutorado da pesquisadora Ana Clara Braga de Souza, realizada no Programa de Pós-Graduação em Geologia do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Apoiado por bolsa da CAPES durante todo o doutorado, o trabalho de Ana Souza foi publicado nas revistas internacionais Marine and Petroleum Geology e Journal of South American Earth Sciences. A pesquisa apresenta um modelo da evolução da bacia, identificando, por exemplo, a ocorrência de dois grandes eventos oceânicos na região durante o período Cretáceo.
Graduada em Geologia pela UFC, a pesquisadora fez mestrado em Geologia também na UFC, especializando-se em geoquímica orgânica, com foco na área de petróleo e gás.
Você pode explicar, de maneira simples, o que é o petróleo e como ele surge?
O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, que são compostos químicos constituídos majoritariamente por moléculas de carbono e hidrogênio, cuja origem é de natureza orgânica. Os hidrocarbonetos estão contidos nos poros das rochas sedimentares e sua formação original ocorre por meio da transformação da matéria orgânica. Essa transformação é favorecida em ambientes com baixa oxigenação. Os restos orgânicos, precursores do óleo e gás natural, se depositam em mares e lagos e, após sucessivos episódios de soterramento dessas regiões, ao longo de milhares de anos, dão origem ao óleo, que é extraído e processado até se transformar no petróleo que conhecemos hoje.
É possível saber como surgiram o petróleo e o gás da Bacia do Ceará?
Sim, por meio do estudo das rochas geradoras de óleo e gás. Uma rocha com potencial para gerar petróleo possui matéria orgânica que é depositada, preservada, aquecida naturalmente e transformada em hidrocarboneto. Todos esses processos são avaliados por análises geoquímicas.
O que causou a formação geológica que a região possui hoje?
A origem da Bacia do Ceará está relacionada à separação dos continentes africano e sul-americano. Esse processo de separação permitiu a formação do Oceano Atlântico, cuja extensão compreendida entre os Estados do Rio Grande do Norte e Amazonas é conhecida como Margem Equatorial Brasileira. Sua evolução pode ser entendida em fases. A primeira fase se inicia com a deposição de sedimentos continentais, fluviais e lacustres. Uma segunda fase marca a passagem progressiva dos ambientes continentais para ambientes marinhos restritos e é chamada de transicional. Durante a terceira fase temos a abertura oceânica e a sedimentação marinha. Em cada uma dessas etapas, a deposição de rochas geradoras ocorreu com uma característica específica.
A Bacia do Ceará está consolidada ou ainda podem ocorrer novas modificações geológicas?
As modificações continuam a ocorrer, contudo, na geologia do petróleo, a escala de observação dos estudos geológicos varia de milhares a milhões de anos.
Ainda há reservas de petróleo na Bacia do Ceará?
A Bacia do Ceará teve sua exploração iniciada em 1971. Sua produção está atrelada a campos maduros. Os campos maduros são aqueles que, após atingirem o pico de produção, estão em um estado de produção em declínio e se aproximando do fim de suas vidas produtivas. Entretanto, novas descobertas, em águas profundas, na porção africana da Margem Equatorial e em países como Suriname e Guiana, podem abrir nova fronteira exploratória.
Os resultados encontrados na Bacia do Ceará podem valer para toda a costa brasileira?
Para toda a costa não, pois o processo de fragmentação e abertura do oceano aconteceu ao mesmo tempo e as bacias sedimentares que foram geradas têm suas particularidades. A nossa costa é dividida em Margem Leste, que, geograficamente, abrange a região que vai do Sul do Brasil até o Rio Grande do Norte e a Margem Equatorial, que começa no Rio Grande do Norte e vai até o Amazonas.
Minha pesquisa engloba a Bacia do Ceará, ou seja, está na Margem Equatorial e se assemelha em alguns aspectos às Bacias Potiguar, de Barreirinhas, Pará-Maranhão e Foz do Amazonas.
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Legenda das imagens:
Imagem 1: Ana Clara Braga de Souza é especialista em geoquímica orgânica, com foco na área de petróleo e gás (Foto: Arquivo pessoal)
Imagem 2: Mapa das bacias sedimentares da Margem Equatorial Brasileira. A Bacia do Ceará aparece em destaque em amarelo (Foto: Arquivo pessoal)
Com informações: CCS/CAPES
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