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Divulgação Científica

Trabalho artístico é transformado em instalação urbana acessível a pedestres


Terça, 13 Março 2018

A observação e o amadurecimento do comportamento das árvores foram possibilitados a partir de um algoritmo de aprendizado artificial, segundo Gilbertto Prado (Foto: acervo pessoal)Aproximar o público de obras artísticas faz parte do mundo ideal de qualquer profissional das artes. E foi isso que o artista brasileiro Gilbertto Prado fez. A revista científica Leonardo, disponível* em texto completo para usuários do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), publicou recentemente a discussão que Prado fez sobre o Projeto Amoreiras, desenvolvido pelo Grupo Poéticas Digitais, com uma proposta de intervenção urbana envolvendo arte, tecnologia e meio ambiente, configurada como uma instalação interativa de amoreiras.

O artigo Project Amoreiras (Mulberry Trees): Autonomy and Artificial Learning in an Urban Environment destaca os elementos poéticos e tecnológicos como posicionamento crítico sobre a poluição no meio metropolitano, os processos de autonomia e aprendizagem artificial, o comportamento emergente das árvores, a aplicação dos princípios de vizinhança e a recepção positiva de pedestres durante a exposição. “A ideia é apontar e refletir de forma poética sobre a poluição (entre outros elementos aparentemente não perceptíveis) presente nas nossas cidades e que muitas vezes nem mais nos damos conta”, reflete Prado.

Instalação do Projeto Amoreiras na Avenida Paulista - São Paulo (Foto: acervo pessoal)Desta forma, cinco amoreiras foram plantadas em grandes vasos na Avenida Paulista, em São Paulo. “A captação da ‘poluição’ foi feita através de microfones, que mediram as variações e discrepâncias de ruídos, como um sintoma dos diversos poluentes e poluidores. O balançar dos galhos era provocado por uma prótese motorizada (disposta na base de cada árvore, causando movimentos nas folhas e nos galhos)”, explica o artista.

Para ele, a observação e o amadurecimento do comportamento das árvores foram possibilitados a partir de um algoritmo de aprendizado artificial. “Ao longo dos dias, as árvores vibraram em diálogo com a variação dos fatores de poluição, numa dança de árvores, próteses e algoritmos, tornando aparente o balançar às vezes (in)voluntário-maquínico, outras vezes através do próprio vento nas folhas”, detalha.

Gilbertto Prado, que já foi bolsista da CAPES em alguns períodos acadêmicos e recebeu apoio da fundação para participação em eventos, esclarece o que o motivou a levar as amoreiras para a rua: “me interessa essa relação entre campos aparentemente distantes (no caso arte e tecnologia, natureza e dispositivos tecnológicos etc.) que podem causar ruídos e estranhamentos”.

O intuito do artigo, segundo ele, “é apresentar a perspectiva do ponto de vista do realizador, que se apresenta também como um relato de processo, mas que parece uma mirada relevante no processo poético de criação e na reflexão do tema proposto. Ele (o texto) não é crítico no sentido de externo, de sobrevoo, nem de uma sistematização, mas crítico no sentido de exposição de processo e da discussão interna, uma aproximação pelas entranhas que indica liames, hibridizações e vetores: uma possibilidade poética”.

Gilbertto Prado é o autor do artigo publicado pelo Leonardo e coordenador do Projeto Amoreiras (Foto: acervo pessoal)O trabalho não para por aqui. Prado garante que novos tipos de manifestações serão levados a outros locais, além de São Paulo. “Estamos em processo de realização da exposição individual ‘Circuito Alameda’, no Laboratório Arte Alameda (LAA), na cidade do México. A exposição consta de novas obras site specific criadas para o LAA em diálogo com outros trabalhos pessoais e do grupo. A ideia é estabelecer diversos circuitos com e entre o visitante e o espaço, proporcionando relações com as obras e a praça central com suas árvores, frutas e fontes de água”. A curadoria da exposição é do especialista Jorge La Ferla.

Gilbertto Prado é usuário do Portal de Periódicos da CAPES e registra a importância da biblioteca virtual não só como difusor de conhecimento internacional, mas também como plataforma de acolhimento para periódicos brasileiros. Ele complementa: “meu trabalho é de natureza híbrida e atravessa diversos campos além da arte, estabelecendo relações com ciência, tecnologia, literatura, antropologia, agricultura, arquitetura, design etc.”.

“Muitas vezes inicio o processo buscando por palavras-chave no Portal. No caso do ‘Circuito Alameda’, por exemplo, lancei palavras como laranja, pimenta, milho, cultura mexicana, canibalismo, colonialismo, inquisição, América Latina, muralismo, desenho de praças e jardins. A pesquisa é um modo de localizar links para um primeiro desenho de projeto e discussão. A diversidade das publicações e a abrangência dos temas encontrados é muito atraente para os pesquisadores. O meu campo primeiro de trabalho é a Arte e vejo que tem muito material para ser explorado”, avalia Prado.

O pesquisador sinaliza também a importância da atuação da CAPES. “Tive apoio da CAPES em alguns momentos da minha trajetória acadêmica e atualmente tenho bolsistas nos meus grupos de trabalho. A CAPES e outras entidades de fomento exercem um papel relevante no apoio à pesquisa, à produção, à criação e à divulgação de trabalhos”, conclui.

Capa do periódico Leonardo (Imagem: JSTOR)O artigo Project Amoreiras (Mulberry Trees): Autonomy and Artificial Learning in an Urban Environment está disponível em texto completo para usuários do Portal de Periódicos. A publicação Leonardo pode ser acessada por meio da opção buscar periódico. O ISSN do título é 0024-094X. A revista científica faz parte da coleção Art & Science III da base de dados JSTOR, assinada pelo Portal, que reúne também outras publicações voltadas para as áreas de Letras, Artes, Teologia, História, Arquitetura e Urbanismo.

Poéticas Digitais
O Grupo Poéticas Digitais – responsável pela concepção do Projeto Amoreiras – foi criado por Gilbertto Prado em 2002 no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) com a intenção de gerar um núcleo multidisciplinar, promovendo o desenvolvimento de projetos experimentais e a reflexão sobre o impacto das novas tecnologias no campo das artes. O grupo é um desdobramento do projeto wAwRwT, iniciado em 1995 no Instituto de Artes da Unicamp, e tem como participantes artistas, pesquisadores e estudantes com composição variada a cada projeto. Atualmente o grupo está também associado ao PPG Design da Universidade Anhembi Morumbi.

O trabalho Amoreiras é composto por Gilbertto Prado (coordenador), Agnus Valente, Andrei Tomaz, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, Luciana Ohira, Lucila Meirelles, Mauricio Taveira, Nardo Germano, Sérgio Bonilha, Tania Fraga e Tatiana Travisani. O projeto foi apresentado na exposição Emoção Art.ficial 5.0, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, em 2010, e na III Mostra 3M de Arte Digital: Tecnofagias, do Instituto Tomie Ohtake de São Paulo, em 2012. Outras informações podem ser encontradas nos sites  www.poeticasdigitais.net e www.gilberttoprado.net. O vídeo do trabalho pode ser visto aqui.

*Verifique o conteúdo do Portal de Periódicos disponível para sua instituição

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