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Trabalho artístico é transformado em instalação urbana acessível a pedestres
Aproximar o público de obras artísticas faz parte do mundo ideal de qualquer profissional das artes. E foi isso que o artista brasileiro Gilbertto Prado fez. A revista científica Leonardo, disponível* em texto completo para usuários do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), publicou recentemente a discussão que Prado fez sobre o Projeto Amoreiras, desenvolvido pelo Grupo Poéticas Digitais, com uma proposta de intervenção urbana envolvendo arte, tecnologia e meio ambiente, configurada como uma instalação interativa de amoreiras.
O artigo Project Amoreiras (Mulberry Trees): Autonomy and Artificial Learning in an Urban Environment destaca os elementos poéticos e tecnológicos como posicionamento crítico sobre a poluição no meio metropolitano, os processos de autonomia e aprendizagem artificial, o comportamento emergente das árvores, a aplicação dos princípios de vizinhança e a recepção positiva de pedestres durante a exposição. “A ideia é apontar e refletir de forma poética sobre a poluição (entre outros elementos aparentemente não perceptíveis) presente nas nossas cidades e que muitas vezes nem mais nos damos conta”, reflete Prado.Desta forma, cinco amoreiras foram plantadas em grandes vasos na Avenida Paulista, em São Paulo. “A captação da ‘poluição’ foi feita através de microfones, que mediram as variações e discrepâncias de ruídos, como um sintoma dos diversos poluentes e poluidores. O balançar dos galhos era provocado por uma prótese motorizada (disposta na base de cada árvore, causando movimentos nas folhas e nos galhos)”, explica o artista.
Para ele, a observação e o amadurecimento do comportamento das árvores foram possibilitados a partir de um algoritmo de aprendizado artificial. “Ao longo dos dias, as árvores vibraram em diálogo com a variação dos fatores de poluição, numa dança de árvores, próteses e algoritmos, tornando aparente o balançar às vezes (in)voluntário-maquínico, outras vezes através do próprio vento nas folhas”, detalha.
Gilbertto Prado, que já foi bolsista da CAPES em alguns períodos acadêmicos e recebeu apoio da fundação para participação em eventos, esclarece o que o motivou a levar as amoreiras para a rua: “me interessa essa relação entre campos aparentemente distantes (no caso arte e tecnologia, natureza e dispositivos tecnológicos etc.) que podem causar ruídos e estranhamentos”.
O intuito do artigo, segundo ele, “é apresentar a perspectiva do ponto de vista do realizador, que se apresenta também como um relato de processo, mas que parece uma mirada relevante no processo poético de criação e na reflexão do tema proposto. Ele (o texto) não é crítico no sentido de externo, de sobrevoo, nem de uma sistematização, mas crítico no sentido de exposição de processo e da discussão interna, uma aproximação pelas entranhas que indica liames, hibridizações e vetores: uma possibilidade poética”.O trabalho não para por aqui. Prado garante que novos tipos de manifestações serão levados a outros locais, além de São Paulo. “Estamos em processo de realização da exposição individual ‘Circuito Alameda’, no Laboratório Arte Alameda (LAA), na cidade do México. A exposição consta de novas obras site specific criadas para o LAA em diálogo com outros trabalhos pessoais e do grupo. A ideia é estabelecer diversos circuitos com e entre o visitante e o espaço, proporcionando relações com as obras e a praça central com suas árvores, frutas e fontes de água”. A curadoria da exposição é do especialista Jorge La Ferla.
Gilbertto Prado é usuário do Portal de Periódicos da CAPES e registra a importância da biblioteca virtual não só como difusor de conhecimento internacional, mas também como plataforma de acolhimento para periódicos brasileiros. Ele complementa: “meu trabalho é de natureza híbrida e atravessa diversos campos além da arte, estabelecendo relações com ciência, tecnologia, literatura, antropologia, agricultura, arquitetura, design etc.”.
“Muitas vezes inicio o processo buscando por palavras-chave no Portal. No caso do ‘Circuito Alameda’, por exemplo, lancei palavras como laranja, pimenta, milho, cultura mexicana, canibalismo, colonialismo, inquisição, América Latina, muralismo, desenho de praças e jardins. A pesquisa é um modo de localizar links para um primeiro desenho de projeto e discussão. A diversidade das publicações e a abrangência dos temas encontrados é muito atraente para os pesquisadores. O meu campo primeiro de trabalho é a Arte e vejo que tem muito material para ser explorado”, avalia Prado.
O pesquisador sinaliza também a importância da atuação da CAPES. “Tive apoio da CAPES em alguns momentos da minha trajetória acadêmica e atualmente tenho bolsistas nos meus grupos de trabalho. A CAPES e outras entidades de fomento exercem um papel relevante no apoio à pesquisa, à produção, à criação e à divulgação de trabalhos”, conclui.O artigo Project Amoreiras (Mulberry Trees): Autonomy and Artificial Learning in an Urban Environment está disponível em texto completo para usuários do Portal de Periódicos. A publicação Leonardo pode ser acessada por meio da opção buscar periódico. O ISSN do título é 0024-094X. A revista científica faz parte da coleção Art & Science III da base de dados JSTOR, assinada pelo Portal, que reúne também outras publicações voltadas para as áreas de Letras, Artes, Teologia, História, Arquitetura e Urbanismo.
Poéticas Digitais
O Grupo Poéticas Digitais – responsável pela concepção do Projeto Amoreiras – foi criado por Gilbertto Prado em 2002 no Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) com a intenção de gerar um núcleo multidisciplinar, promovendo o desenvolvimento de projetos experimentais e a reflexão sobre o impacto das novas tecnologias no campo das artes. O grupo é um desdobramento do projeto wAwRwT, iniciado em 1995 no Instituto de Artes da Unicamp, e tem como participantes artistas, pesquisadores e estudantes com composição variada a cada projeto. Atualmente o grupo está também associado ao PPG Design da Universidade Anhembi Morumbi.
O trabalho Amoreiras é composto por Gilbertto Prado (coordenador), Agnus Valente, Andrei Tomaz, Claudio Bueno, Daniel Ferreira, Luciana Ohira, Lucila Meirelles, Mauricio Taveira, Nardo Germano, Sérgio Bonilha, Tania Fraga e Tatiana Travisani. O projeto foi apresentado na exposição Emoção Art.ficial 5.0, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, em 2010, e na III Mostra 3M de Arte Digital: Tecnofagias, do Instituto Tomie Ohtake de São Paulo, em 2012. Outras informações podem ser encontradas nos sites www.poeticasdigitais.net e www.gilberttoprado.net. O vídeo do trabalho pode ser visto aqui.
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