Artigo Produção Nacional Revisado por pares

[Artigo Retratado] Versos e Contra Versos: Estudos Feministas e Formação Docente

2017; UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA; Volume: 3; Issue: 1 Linguagem: Português

10.9771/cgd.v3i1.21544

ISSN

2525-6904

Autores

Amanda Motta Castro, Rita de Cássia Fraga Machado,

Tópico(s)

Youth, Politics, and Society

Resumo

Este texto e escrito a partir de uma indignacao reflexiva: o caso do estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro, em maio de 2016. O estupro da adolescente de 16 anos por mais de 30 homens comoveu o pais e, de forma devastadora, deixou inumeras pessoas (entre elas, eu) extremamente indignadas. Professoras e feministas, nos, enquanto movimento social das mulheres, temos trabalhado de longa data com a questao da violencia contra as mulheres. Entretanto precisamos trabalhar mais, escrever mais, falar mais e estar em constante movimento de denuncia e anuncio (categorias centrais na obra de Paulo Freire) sobre as inumeras violencias contra as mulheres no Brasil. A adolescente carioca foi violentada pelo menos tres vezes: primeiro, pelos estupradores; segundo, pelo estado e, terceiro, pela sociedade. Isso porque, alem da violencia no corpo (pelos estupradores), a menina foi violentada pelo estado atraves da policia que, no primeiro depoimento, perguntou a jovem se ela “gostava de sexo grupal, porque tinha saido naquela noite e quais eram suas praticas sexuais”. Durante esse turbilhao, a adolescente ainda e violentada pela sociedade que vasculha sua vida nas redes sociais, blogs e entre pessoas que a conheciam. A grande maioria nao buscava formas de estender ajuda e sororidade (palavra resgatada pela Teologia Feminista, que significa “irmas”), buscavam saber, principalmente, como era o comportamento, as roupas e de que forma era a vida cotidiana da adolescente. No meio de todo esse drama, para as pessoas que trabalham tanto com os Estudos Feministas e Educacao, existe uma entre tantas outras perguntas: o que a educacao tem a ver com a cultura do estupro que sustenta a sociedade patriarcal? Este texto propoe a reflexao acerca desta pergunta. Nao e nosso objetivo colocar mais uma “carga” na mao da Educacao, nem dos(as) docentes.

Referência(s)