Diversao balcânica: os israelitas portugueses de Salónica
2004; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 39; Issue: 170 Linguagem: Português
ISSN
2182-2999
Autores Tópico(s)Hispanic-African Historical Relations
ResumoNota Na investigacao que venho desenvolvendo sobre «o Estado Novo e a questao judaica», destaca-se o caso interessante dos «judeus levantinos de origem portuguesa». A expressao, que titula largo numero de processos no Arquivo Historico-Diplomatico do Ministerio dos Negocios Estrangeiros, referencia um numero indeterminado de subditos judaicos do Imperio Otomano que receberam titulos provisorios de nacionalidade portuguesa em 1913, por ocasiao das guerras balcânicas. Nas decadas seguintes, apesar de diversas tentativas de Lisboa para a sua eliminacao, os titulos de nacionalidade foram sobrevivendo, com o resultado de, na segunda guerra mundial, o governo portugues ter sido chamado a proteger esses nacionais das politicas antisemitas do III Reich e do governo de Vichy, acabando por permitir uma vinda condicionada para Portugal de umas tres centenas de pessoas. As lacunas e questoes colocadas pelos proprios processos no periodo da segunda guerra mundial levaram a investigacao das circunstâncias e dos termos em que a I Republica concedera os famosos titulos de nacionalidade. Resulta que, em lugar das poucas centenas de pessoas repatriadas em 1944, na origem teriam sido dados papeis a umas 500 familias. E que pelo periodo 1913-1957 existem processos constituidos com documentacao que ecoa as voltas e reviravoltas que a situacao dos judeus foi conhecendo na Europa e permite observar as atitudes dos responsaveis nacionais perante uma questao entretecida simultaneamente com a politica externa de Portugal e com a condicao politico-juridica da atribuicao/pertenca a nacionalidade portuguesa.
Referência(s)