Cuidados intensivos. O paradigma da nova medicina tecnológica

2003; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 38; Issue: 166 Linguagem: Português

ISSN

2182-2999

Autores

Pedro Ponce,

Tópico(s)

Geriatric Care and Nursing Homes

Resumo

Ao longo dos anos o tipo de doentes que internamos num hospital mudou. Sao mais idosos, acompanhando o aumento de longevidade da populacao no hemisferio ocidental, excepcao feita para um grupo crescente de jovens que se tornam habitues das nossas enfermarias, os doentes com SIDA. Estao mais doentes, pois, gracas aos progressos da medicina preventiva e de intervencao cardio-vascular, os doentes morrem menos nos «sessentas» de enfarto do miocardio ou trombose cerebral, pelo que sofrem agora nos «setentas» de mais padecimentos cronicos de varios orgaos, nos quais se enxerta a nova doenca aguda que os traz ao hospital. Por outro lado, a eficacia da medicina moderna e uma maior exigencia da comunidade no acesso a ultima palavra em tratamento trazem para o hospital doentes com pouca esperanca de sobrevivencia, para quem no passado todos aceitariamos o destino de uma morte serena rodeada pela familia (Center for the Evaluative Clinical Sciences, 2002). Estao mais dependentes, a «fasquia» da gravidade da doenca que justifica internamento esta agora muito mais elevada em funcao da reduzida oferta de camas hospitalares no sector publico e pela tentativa de barragem do acesso a camas de hospitalizacao privada pelos sectores de medicina de seguros ou convencionada, pelo que os doentes, quando finalmente internados, ficam em geral acamados e dependentes de cuidados de enfermagem para as necessidades mais basicas, ou seja, consomem mais recursos humanos e tecnicos.

Referência(s)