Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A universidade na atenção à saúde dos povos indígenas: a experiência do Projeto Xingu da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina

2007; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 16; Issue: 2 Linguagem: Português

10.1590/s0104-12902007000200019

ISSN

1984-0470

Autores

Roberto G. Baruzzi,

Tópico(s)

Indigenous Health and Education

Resumo

After more than 40 years have passed since its creation, the Xingu Indigenous Park (XIP) is today a green island surrounded by large deforested and urbanized areas. The Xingu Project opened to Unifesp/EPM (Federal University of Sao Paulo) an advanced field with a continuous, flexible and innovative model to institutions dealing with the Health of Indigenous Peoples in Brazil. The results of the Xingu Project throughout four decades are revealed by demographic, epidemiological and operational indicators. Data from Unifesp/ EPM indicated that in 1970 the XIP’s population, including 16 ethnic groups, was approximately 1,220 individuals; for 2005, the estimated population is approximately 5,000 individuals. No case of measles emerged in XIP in the last decade and the control of malaria produced a sharp decrease in the number of annual cases, with no recent registers of deaths. All this was achieved thanks to the immediate diagnosis and treatment enabled by the qualification of the AIS and AIE. As regards the threat of tuberculosis, which is always present, attention has been continually paid, according to data from DSEI-Xingu (MT). The ongoing epidemiological transition, associated with a significant increase in the number of elderly individuals in XIP and with changes in lifestyle, has enhanced the actions of prevention, diagnosis and treatment of chronic and non-transmissible diseases. Scientific production has accompanied and supported the development of health actions throughout the years, including research lines from other knowledge areas in the field of human and social sciences. Keyword: Xingu Indigenous Park; Indigenous Health; Indigenous Demography. “E no setor da saude que a ajuda do civilizado pode ser de transcendente importância. Diante de acessos violentos da malaria, da gripe, da pneumonia, sao impotentes os pajes. Se a esses indios for dada assistencia conveniente, nao temos duvida que em poucos lustros teremos novamente o Alto Xingu como habitat das mais fortes e expressivas nacoes indigenas do Brasil” (Orlando Villas Boas, 1946). A Escola Paulista de Medicina (EPM), atual Universidade Federal de Sao Paulo (Unifesp), passou a colaborar na assistencia a saude dos povos do Parque Indigena do Xingu (PIX) a partir de 1965, quando, a convite de Orlando Villas Boas, um grupo de medicos la esteve para avaliar as condicoes de saude da populacao. Com base nessa avaliacao, foi proposta pela EPM a implantacao de um programa de saude a ser desenvolvido em longo prazo. Na execucao e na coordenacao desse programa foi bastante util a experiencia por nos adquirida na regiao do Medio Araguaia, nos dois anos anteriores, ao participar de caravanas medicas que se deslocavam de Sao Paulo para atender populacoes ribeirinhas – caboclos e indios. O atendimento era centralizado nas localidades de Santa Izabel do Morro, na ilha do Bananal; em Santa Terezinha, em Mato Grosso, e em Conceicao do Araguaia e Araguacema, no sul do Para. Nessas ocasioes, as acoes de saude estendiam-se as aldeias dos indios Caraja, Gorotire e Tapirape. Dessas caravanas, ao lado de outros participantes, estiveram presentes docentes, medicos residentes e alunos da EPM. O programa de saude da EPM no PIX teve o respaldo de um acordo assinado pelo Professor Walter Leser, chefe do Departamento de Medicina Preventiva, e Orlando Villas Boas, diretor do Parque, estabelecendo mutua colaboracao na assistencia a saude do indio. Em 1967, com a criacao da Fundacao Nacional do Indio (Funai), um convenio com o mesmo objetivo foi firmado entre este orgao governamental e a EPM, sendo sucessivamente renovado ao longo dos anos. Equipes multidisciplinares, integradas por medicos, enfermeiras, dentistas e alunos, eram enviadas ao PIX pelo menos quatro vezes ao ano, quando procediam a vacinacao dos susceptiveis, atendimento das ocorrencias clinicas e cadastramento medico da populacao. Equipes eram igualmente enviadas em situacoes epidemicas. Paralelamente, o Hospital Sao Paulo, da EPM, assegurava a retaguarda para os casos que necessitavam de cuidados clinicos ou cirurgicos especializados. A introducao de uma ficha medica no trabalho de campo, desde o inicio do programa de saude, com dados de identificacao e fotografia, possibilitava que todos os habitantes de uma aldeia fossem chamados nominalmente para serem examinados. Na ficha de cada crianca era previamente anotada a vacina ou Saude Soc. Sao Paulo, v.16, n.2, p.182-186, 2007 183 revista 16.2_finalissimo.pmd 27/6/2007, 23:30 183

Referência(s)