
Ciência, construção da nação e exclusão social. São Paulo-Brasil (1889-1930)
2015; Groupe de Recherche Amérique Latine Histoire et Mémoire; Volume: 29; Linguagem: Português
10.4000/alhim.5258
ISSN1777-5175
Autores Tópico(s)History of Medicine and Tropical Health
ResumoNo final do século XIX e nas primeiras décadas do XX difundiram-se em grandes cidades como São Paulo, normas de higiene já amplamente divulgadas na Europa, legitimadas pelo cientificismo, expressão máxima do progresso da ciência na época. Esse progresso revelou um mundo de germes que pareciam desenvolver-se sobretudo, nos corpos das classes populares, compostas por imigrantes, negros e mestiços, ameaçando principalmente a saúde de uma elite dominante que por natureza deveria conduzir o país segundo as diretrizes do modo de produção capitalista. Esta pesquisa visa compreender a atuação dos médicos higienistas em São Paulo. Este modelo enquadrou – segundo o ideal positivista – o desenvolvimento social dentro de leis naturais e necessárias, conforme o modelo das ciências físicas, transformou a teoria da evolução em darwinismo social, pregando o triunfo da raça branca sobre as demais; utilizou as descobertas de Mendel para justificar e impedir a proliferação dos mestiços, dos “degenerados”, ou seja dos que não se adequavam ao sistema ou resistiam a ele. Sob a égide de uma ciência neutra e verdadeira, o saber popular também foi desqualificado e seus portadores considerados ignorantes, vítimas de crendices. Pensava-se dessa forma, garantir a ordem social, mantendo em perfeito equilíbrio a ordem e o progresso, lema da bandeira nacional.
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