Artigo Acesso aberto

On enteropneusta from Brazil

1959; SciELO; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s0373-55241959000100001

ISSN

2316-8951

Autores

Tagea Kristina Simon Björnberg,

Tópico(s)

Marine Biology and Ecology Research

Resumo

Varios trabalhos foram publicados sobre os enteropneustos do Brasil (J. W. Spengel, 1893; F. Muller, 1898; P. Sawaya, 1950; L. Forneris & P. Sawaya, 1953; T. Bjornberg, 1952, 1953, 1953a e 1955). Poucas observacoes haviam sido feitas quanto ao desenvolvimento dos mesmos e quanto a relacao das larvas com os adultos e sua distribuicao geral na costa do Brasil. Os adultos foram coletados nas praias do Parana e de Sao Paulo (Brasil) e as larvas, ao largo da costa brasileira desde 34o 49,0' S ate 05o 44,3' N, desde o ano de 1952 ate o ano de 1958. Nos adenda estao indicados os pontos onde se fizeram coletas, quase todas superficiais. Criamos algumas das larvas capturadas. Outras, das 3.205 larvas obtidas para este estudo, fixadas em Bonin e Pampel conservaram melhor os carateres externos que as fixadas simplesmente em formol. Tornaria mourei apareceu em grandes numeros no plancton coletado ao largo de Cananeia e seu desenvolvimento foi observado. Coincidiu inteiramente com o descrito por Stiasny (1913, 1914) para as larvas europeias de Balanoglossus clavigerus. A metamorfose da larva tambem confirmou o que (1893) havia verificado para B. clavigerus em Napoles. Durante estes estudos, notou-se uma grande variacao de forma e de outros carateres da larva e dos adultos desta especie. Verificou-se a variacao e a gradacao entre si de carateres considerados anteriormente como especificos dos Balanoglossus: B. clavigerus, B. paranaensis, B. paranaicola, B. eufrosinoi, B. catharinensis, B. nonatoi em animais pertencentes a mesma populacao e localidade. Por esse motivo, foram considerados sinonimos de B. clavigerus. A unica diferenca entre o especime europeu e os brasileiros e a presenca de um esfincter na base da proboscis, carater que nao pareceu suficiente para considerar os animais brasileiros como subespecie, pois constatou-se nitidamente a variabilidade da grossura da musculatura circular da proboscis. Verificou-se tambem que os aspectos diferentes de tornarias mourei e lilianae eram artefactos de fixacao da tornaria de B. clavigerus. Tornaria tergestina (Stiasny, 1927) poderia quando muito ser considerada um ecofenotipo da tornaria de B. clavigerus. Ocorreram em aguas brasileiras as tornarias weldoni, cairnsiensis e setoensis e outras larvas de tamanho maior e intermediario entre as precedentes. Observou-se, ainda, a presenca de individuos com numero de tentaculos intermediario. Em todos os exemplares mencionados chamou atencao a forma caracteristica da protocela com o celomoduto curto, assim como a forma e o afastamento dos celomas em relacao ao estomago. Geograficamente pareceu que tornaria weldoni e demais larvas parecidas ja mencionadas, sao relacionadas com Balanoglossus gigas, B. biminiensis e B. jamaicensis (das Indias Ocidentais e das Bahamas) e com B. carnosus (do Pacifico). Tanto B. gigas como sua larva provavel apresentam uma variacao de carateres somente ultrapassada pela variabilidade de B. clavigerus. Isso parece indicar que B. biminiensis, B. jamaicensis, B. carnosus e B. gigas sejam sinonimos. So o estudo do ciclo completo destes animais resolvera esse problema. Neste trabalho atribuimos duas subespecies a B. gigas: 1) B. gigas gigas, de tamanho maior, atlântica e 2) B. gigas carnosus, de tamanho menor, pacifica. Lembrando a variacao de carateres de tornaria weldoni, parece possivel concluir que tornaria ritteri e apenas uma variacao da mesma, e que tornaria krohni do Mediterrâneo e um ecofenotipo provavelmente. Foi constatada a variabilidade dos carateres considerados especificos das tornarias morgani, chierchiai I, e grenacheri em amostras de aguas brasileiras do sul ate o norte; nas mesmas amostras verificou-se a presenca de tornarias com carateres intermediarios entre elas. Isto levou a suposicao de que estas larvas, assim como tornarias susakiensis (Tokioka, 1937) e snelliusi (Stiasny, 1935), sejam na realidade pertencentes a mesma especie, provavelmente Ptychodera flava. Tornarias dubia identicas as do Mediterrâneo, ocorreram ao largo do Uruguai e do Brasil (Estados de Sta. Catarina, Parana, Espirito Santo, Alagoas, Maranhao). Estas larvas, relacionadas por Stiasny ao Glandiceps talaboti, ainda nao encontrado ao largo do Brasil, mostram muito pequena variacao de forma. Isto pode ser devido ao fato destas tornarias possuirem o liquido blastocelio mais volumoso e viscoso. Foi possivel verificar que as bolsas branquiais nestes animais so aparecem muito tarde, durante a metamorfose. As bolsas celomaticas sao relativamente menos musculares que as de outras larvas no mesmo estagio de desenvolvimento. O nome de uma das larvas, que ocorre desde o Rio Grande do Sul ate Ubatuba, foi aqui mudado para nordestina, a fim de nao permitir a confusao desta larva (inicialmente denominada stiasnyi) com a tornaria de Glandiceps stiasnyi (Pampapathi Rao, 1953). O desenvolvimento e a origem dos celomas assim como a ausencia de lobos e de linguetas secundarias no estagio Krohn em tornaria nordestina aproximam-na anatomicamente da tornaria de New England descrita por Morgan. Esta, provavelmente, pertence a Glossobalanus e nao a Schizocardium, como havia sido proposto em outro trabalho. Glossobalanus minutus assinalado anteriormente por (1893) no Rio de Janeiro, nunca mais foi encontrado, mas, registou-se neste trabalho a coleta recente de Glossobalanus crozieri em Sao Sebastiao. A larva de New England poderia pertencer a essa especie, descrita originalmente das Bermudas. Verificou-se que a tornaria de B. clavigerus alimenta-se de diatomaceas (uma vez foi encontrado um copepodo em seu estomago). Quando colocada em aquario, move-se para o lado iluminado. Foram medidos seus batimentos cardiacos. As larvas jovens sao encontradas muito proximas das praias ou em agua rasa e os estagios mais velhos de desenvolvimento, somente a uma certa distância da costa e em profundidades maiores. As maiores tornarias capturadas foram encontradas a distância de varias milhas da costa. O fenomeno de metamorfose retardada explicaria o aparecimento de larvas grandes de B. clavigerus, de tornarias chierchiai I e weldoni em estagios Krohn, Spengel e Agassiz de desenvolvimento em amostras coletadas longe da costa. Este fenomeno e importante para a dispersao da especie e sua sobrevivencia. As aguas superficiais (ate 200 m de profundidade) das costas brasileiras podem ser classificadas em 3 tipos principais: aguas costeiras de salinidade muito variavel, mais baixa que 34‰, e de temperatura alta em geral; aguas misturadas de plataforma, de salinidade aproximadamente de 35‰ e de temperatura alta; e finalmente, aguas da corrente do Brasil ou da corrente Sul-Equatorial, de salinidade acima de 36‰ e de temperatura alta. Nestas ultimas sao encontradas as larvas maiores em estagios Krohn, Spengel e Agassiz do tipo chierchiai I, dubia e weldoni. As tornarias do B. clavigerus, chierchiai I e nordestina foram encontradas nos tres tipos de aguas - as jovens proximas da costa. Tornarias dubia e weldoni ocorreram em geral em aguas de salinidade mais alta. Nas amostras onde apareceram tornarias de B. clavigerus em grande quantidade, determinou-se a fauna e a flora planctonicas acompanhantes. Quando possivel, foi ainda relacionado o numero e volume de tornarias com o volume de plancton por litro de agua amostrada (Tabela 4).

Referência(s)