AS PRÁTICAS ORAIS DAS REZADEIRAS: UM PATRIMÔNIO IMATERIAL PRESENTE NA VIDA DOS ITABAIANENSES
2013; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 9; Issue: 2 Linguagem: Português
10.22456/1981-4526.43698
ISSN1981-4526
AutoresDanielle Gomes do Nascimento, Maria Ignez Novais Ayala, Comissão Editorial Nau Literária,
Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoAs rezadeiras, também conhecidas como benzedeiras, possuem uma importante função na parcela da sociedade que mantém usos e costumes tradicionais: estabelecer relações com o sagrado. Essa tradição tem a oralidade como carro chefe. Detentoras de um grande saber religioso são capazes de, por meio das rezas e dos rituais, curar males e devolver o equilíbrio emocional e físico àqueles que as procuram. O ofício que exercem é transmitido de geração a geração, de maneira que a pessoa que aprendeu ou foi escolhida para exercer tal ofício também repassará, algum dia, seus saberes a seu sucessor ou sucessora. A continuidade dessa cultura contribui para a preservação do patrimônio cultural, configurado em suas dimensões intangíveis. No que se refere ao patrimônio imaterial, eixo norteador do trabalho, diz respeito às praticas e domínios de saberes, ofícios, valores e a diferentes formas de expressão que compõem a vida social de base comunitária. Este artigo está centrado no oficio de duas rezadeiras populares da região itabaianense, etapa inicial de um trabalho de pesquisa de campo, mais amplo, que está se desenvolvendo em Itabaiana - PB: por um lado, resultará em tese de doutorado e outros estudos acadêmicos; por outro, buscará sensibilizar instituições locais para que o ofício de rezadeira seja reconhecido como patrimônio imaterial. As práticas orais das rezadeiras serão apresentadas a partir dos relatos, memórias e performances. Para esta pesquisa está se utilizando gravação de som e imagem, de modo a dar ênfase às vozes das rezadeiras que, durante o processo dialógico estabelecido com a interlocutora que as procurou (neste caso, Danielle Gomes do Nascimento) presentificam lembranças e práticas religiosas. As duas rezadeiras contaram um pouco da vida religiosa, da pratica com as rezas e outros afazeres. A pesquisa parte do conhecimento empírico das rezadeiras a fim de apreender os significados do fenômeno social praticado por elas – da cura por meio das rezas. O trabalho está embasado nos princípios definidos pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para identificação do Patrimônio Imaterial Brasileiro e autores que reconhecem a importância da memória na coletividade – Bergson (2011), Halbwachs (2006), Bosi (2004), autores que fornecem subsídios para os estudos da oralidade e estudos linguísticos – Ong (1998), Zumthor (2007) e Bakhtin (2010), entre outros. Portanto, as rezadeiras ou benzedeiras estão presentes nos costumes tradicionais da religiosidade brasileira e têm sido identificadas como detentoras de saberes e por seu oficio apreendidos e aprendidos por meio de transmissão oral.
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