A loucura como fenômeno transindividual: sobre a folie-à-deux, segundo Lasègue e Falret
2006; University Association for Research in Fundamental Psychopathology; Volume: 9; Issue: 4 Linguagem: Português
10.1590/1415-47142006004012
ISSN1984-0381
Autores Tópico(s)Academic and Historical Perspectives in Psychology
ResumoO campo dos fenomenos psicoticos, tal como costumamosconcebe-los, parece constituir a propria expressao do isolamentosubjetivo em seu estado mais extremo, a ponto de o individuo rom-per com a matriz simbolica que o ligava a realidade socialmentecompartilhada e, por extensao, aos demais humanos. As constru-coes delirantes, os neologismos, os estados alucinatorios, as alte-racoes das vivencias do proprio eu e da realidade testemunhamde uma ruptura com as formas socializadas de apreensao e signi-ficacao do mundo, remetendo o sujeito a desestruturacao psiqui-ca, ao isolamento e a necessidade de edificar por si mesmo umanova base de sentido para sua existencia. Mas se a psicose e an-tes de tudo a expressao mais radical da ruptura do contato como universo humano simbolicamente estruturado, o que dizer en-tao quando uma mesma concepcao delirante e compartilhada pordois parceiros que passam a estabelecer uma referencia de signi-ficacoes valida apenas para eles proprios? Essas sao as situacoespsicopatologicas das quais Charles Lasegue e Jules Falret procu-raram dar conta em sua celebre monografia “La folie a deux”, de1877.Em 1852, o grande clinico frances Charles Lasegue (1816-1883) descreve o
Referência(s)