Artigo Acesso aberto

“A História do Futuro”

2007; Issue: Vol. 24 Linguagem: Português

10.4000/cultura.846

ISSN

2183-2021

Autores

Iñes G. Županov,

Tópico(s)

History, Culture, and Diplomacy

Resumo

Através de uma leitura densa das fontes hagiográficas jesuítas que celebraram a vida de um jesuíta napolitano, Marcelo Mastrilli (1603-1637), procuro mostrar que as visões e narrativas proféticas foram importantes lugares de comunicação social, memória colectiva e mobilização política. O reposicionamento profético foi uma linguagem específica da tecnologia do eu, a partir da qual o sujeito fabricava a sua própria identidade, dentro e contra os limites externos da autoridade e das instituições. Marcelo Mastrilli – que viajou pela Itália, Espanha, Portugal, Goa, Malaca, Filipinas e Japão – construiu a sua própria subjectividade e acção através de uma visão profética de São Francisco Xavier. Logo que a sua experiência pessoal foi impressa, atingindo um público mais vasto, mobilizou outros actores a imitá-lo, citá-lo, ou a fazer uso dele nos seus percursos individuais e sociais. O que se podia transportar de um continente para outro não eram, claro, visões pessoais mas a sua corporização numa série de textos e imagens materiais. E a verdade é que mesmo depois da sua morte, em 1637, as suas visões foram retomadas pelo padre António Vieira e integradas no seu discurso legitimador da dinastia de Bragança e do papel que os jesuítas aí desempenhavam.

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