Santo Agostinho e o menino
1975; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 1; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s0102-25551975000100008
ISSN1806-9274
Autores Tópico(s)Philosophy, Health, and Society
ResumoHa muitos anos, adolescente, tive o prazer de ler a Vida de Sto. Agostinho escrita por Papini. Gravou-se-me na memoria a descricao feita pelo autor, no prefacio do pequeno quadro de Sandro Botticelli na Galeria dos Oficios, onde um velho de barba branca, vestido de capa vermelha, conversa com um pequenito na praia de um mar verde e translucido semelhante ao do Nascimento de Venus. O velho inclina-se um pouco para a crianca que, ajoelhada junto a uma poca, tem na mao uma especie de concha. Olhei para a legenda por baixo do quadro: era Sto. Agostinho a quem uma crianca confessa querer esvaziar o mar (1). Depois dessa leitura, deparei por varias vezes com a explicacao da cena descrita pictoriamente por Sandro Botticelli. Ha pouco tempo, ainda, pude verificar a durabilidade dessa formosa lenda, ao examinar a licao dada por Alfredo Barth sobre a Santissima Trindade na sua Enciclopedia Catequetica. O misterio da Trindade divina, ensina A. Barth, e insondavel. Tomas Cantipratano (morto em 1280) narra a historia de Sto. Agostinho que passava longas horas indagando sobre o misterio da Trindade. Certo dia, viu uma crianca tirando com uma colherzinha a agua do mar para po-la numa pequena cova... E mais facil para mim, disse a crianca, transportar a agua do mar para esta cova do que para a tua razao compreender o inescrutavel misterio da SS. Trindade. Barth narra, em seguida, a mesma lenda em relacao a Alano de Lille (2).
Referência(s)