A reclusão de mulheres e a indústria de reintegração
2007; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Volume: 42; Issue: 185 Linguagem: Português
ISSN
2182-2999
Autores Tópico(s)Crime, Illicit Activities, and Governance
Resumo1. Durante os anos 70, um conhecido prisioneiro escoces escreveu um livro na prisao onde descrevia a sua transformacao de preso violento e temido num reputado escultor e autor com obra publicada (Boyle, 1977). Quando foi libertado da prisao, casou com uma bonita e educada mulher de carreira e mais tarde escreveu outro livro bem sucedido, fundando ainda um centro de recuperacao para consumidores de drogas (Boyle, 1985). Uma vez que a sua mudanca de vida comecara enquanto esteve internado numa unidade especialmente concebida para «amansar» os homens mais duros da Escocia, seria natural pensar que esta seria tida como uma historia penal de sucesso. Mas nao. Quando visitei a prisao onde ele tinha estado pouco tempo apos ter sido libertado, fiquei surpreendida ao perceber a raiva e o ressentimento dos funcionarios pelo seu incontestavel sucesso como escultor, autor e angariador de fundos para o centro de reabilitacao de drogas. Um dos administradores superiores disse: «Ele venceu o sistema, nao foi? Tem uma projeccao bem melhor do que muitos de nos agora. Isso nao esta certo, pois nao?» Mais do que qualquer livro que eu tenha lido, isto esclareceu-me ali e entao que, seja qual for o discurso oficial, a prisao serve para manter as pessoas no seu lugar.
Referência(s)