Artigo Acesso aberto

Eden Bower - o caramanchão do Eden

2013; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 19; Issue: 2 Linguagem: Português

10.17851/1982-0739.19.2.205-216

ISSN

1982-0739

Autores

Maria Isabel De Andrade Alonso,

Tópico(s)

Borges, Kipling, and Jewish Identity

Resumo

<p>A tradução a seguir éi parte constituinte da minha dissertação de mestrado, intitulada Lilith: um monstro feminino em Jorge Luis Borges, Dante Gabriel Rossetti e Primo Levi, defendida na UFMG em Janeiro de 2011.</p> <p>O poema traduzido, Eden Bower, é de autoria de Dante Gabriel Rossetti, 1828-1882, poeta e pintor inglês pré- rafaelita que viveu na Inglaterra durante o período vitoriano. Rossetti tinha enorme interesse pela arte romântica, tendo sido um dos fundadores do pré – rafaelismo, movimento cujos adeptos acreditavam na reação ao academicismo inglês do período, que se baseava na arte clássica do Renascimento na produção artística. Os pré–rafaelitas afirmavam a arte pela arte e desejavam devolver a ela uma beleza poética, algo que existiria além do possível e que eles acreditavam ter sido perdido pelos artistas ingleses de então.</p> <p>O poema, cujo título faz uma referência ao caramanchão do Éden, hipotetisa a trajetória de Lilith no Paraíso, dando origem a uma narrativa diversa daquela tradicional, segundo a qual Eva teria sido a primeira e única mulher de Adão. Ao contrário, no poema lê-se Lilith e sua vingança, que acaba por gerar desdobramentos e infortúnios não só para Adão e Eva, mas também para a sua prole.</p> <p>Segundo Elaine Shefer, Rossetti era, essencialmente, um pintor de figuras femininas, muitas delas mulheres que faziam parte de sua vida e outras figuras simbólicas, para as quais dedicou inúmeros poemas<a href="file:///C:/Users/USER/Desktop/eden%20bower%20-%20tradu%C3%A7%C3%A3o.doc#_ftn1">[1]</a>. Lilith aparece pelo menos em dois momentos de sua obra: em Eden Bower, como dito, e em um quadro de nome “Lady Lilith”, de 1868, no qual se pode ver figura feminina de longos cabelos ruivos, se penteando em um chambre. A atmosfera é misteriosa, repleta de elementos de sedução, bem como roupas que destoam daquelas adotadas no período vitoriano: ela apresenta cores claras, leves e um grande decote deixando à mostra o colo. Esse quadro apareceria, então, como uma afronta à arte daquele tempo, já que o período vitoriano foi marcado pelo recato das mulheres, que usavam roupas pesadas, duras, que limitavam os movimentos naturais. Nesse senntido, a idealização feminina corrente no período construía mulheres fracas e frágeis, indo de encontro a esse ideal a imagem de Lilith retratada por Rossetti. A figura de Lilith, assim, parece representar, no período vitoriano, a rebeldia aos costumes e aos princípios artísticos vigentes. Também a esse quadro, Rossetti dedicou o poema “Lilith para uma pintura”:</p> <p>Assim, como foi dito, “Eden Bower” é uma narrativa extensa, com 49 estrofes, sobre o mito de Lilith.De forma resumida, pode-se dizer que ela teria convencido a serpente do Éden a emprestar-lhe sua forma para que, uma vez expulsa do Paraíso e proibida de retornar, pudesse entrar sem ser percebida e vingar-se de Adão e Eva. A seguir, o poema e sua tradução.</p> <div><br /> <hr size="1" /><div><p><a href="file:///C:/Users/USER/Desktop/eden%20bower%20-%20tradu%C3%A7%C3%A3o.doc#_ftnref1">[1]</a> SHEFER, Elaine. A Rossetti Portrait: Variation on a Theme. <em>Arts in Virginia 27</em> (1987): 2-15. Covers <em>The Blessed Damozel. </em></p> <div><hr size="1" /></div> <p> </p> <p> </p> <p> </p></div></div>

Referência(s)
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