Por que precisamos de um novo Registro Nacional em Intervenções Coronárias Percutâneas?
2010; Elsevier BV; Volume: 18; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s2179-83972010000300001
ISSN2179-8397
Autores Tópico(s)Coronary Interventions and Diagnostics
Resumoegistros sao colecoes prospectivas de dados, que,na cardiologia intervencionista, tem a finalidadede estudar a seguranca e a eficacia das interven-coes cardiacas percutâneas. Necessitam, como requisitosbasicos, incluir pacientes consecutivos e obter dadoscompletos e fidedignos, que caracterizem o paciente,o procedimento e os resultados clinicos, a curto e alongo prazos. Registros nacionais devem, adicionalmente,ser multicentricos, abrangendo instituicoes publicas eprivadas, e controlados por sociedades medicas quecoordenem de forma independente a avaliacao deseus resultados. Seus dados completam aqueles obti-dos pelos estudos randomizados, avaliando se os re-sultados sao reprodutiveis em larga escala, no amploespectro de perfis clinicos e angiograficos da praticaclinica. A Central Nacional de Intervencoes Cardiovas-culares (CENIC), orgao oficial da Sociedade Brasileirade Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI),criada em 1991, foi a primeira iniciativa nesses mol-des e motivo de publicacoes que trouxeram os primei-ros numeros representativos da experiencia nacionalcom a intervencao coronaria percutânea. Apesar dainquestionavel contribuicao a comunidade intervencio-nista brasileira, seus resultados sao influenciados porum vies de selecao, em decorrencia da natureza volun-taria da inclusao de dados, e nao conseguem, portan-to, reproduzir perfeitamente a realidade dos numerosnacionais.Novos projetos sao necessarios, e o artigo originaldo grupo encabecado por Pedro Lemos, do Institutodo Coracao do Hospital das Clinicas da Faculdade deMedicina da Universidade de Sao Paulo (Sao Paulo, SP),apresenta um novo sistema informatizado, acessivelvia web, desenvolvido para integrar uma rede interins-titucional destinada a coletar de forma detalhada da-dos de pacientes tratados no Brasil. O projeto contacom o apoio dos Ministerios da Ciencia e Tecnologiae da Saude, fundamental para garantir sua viabilidade.Oliveira e Avezum, do Instituto Dante Pazzanese deCardiologia (Sao Paulo, SP), em editorial correspondente,apontam quais sao os requisitos necessarios para queum registro possa, de fato, mensurar a pratica clinicanacional. O desafio seguinte estara em obter amostragemadequada dos centros participantes, de modo a refletir arealidade brasileira, e, depois, conseguir o acompanhamen-to a longo prazo dos pacientes incluidos.Em outra excelente contribuicao, Falcao et al., doHospital de Clinicas Niteroi (Niteroi, RJ) e Hospital Pro-Cardiaco (Rio de Janeiro, RJ), exploram a eficacia datrombolise intra-arterial e terapia endovascular adjuntaem restabelecer o fluxo do vaso tratado na fase agudado acidente vascular cerebral isquemico, em pacien-tes selecionados. Trata-se de um grupo de hospitaiscom capacitacao para o atendimento desses pacien-tes, onde a avaliacao clinica e realizada por medicoapto a classificar o paciente de acordo com a NationalInstitute of Health Stroke Scale (NIHSS), as imagens saoobtidas em tempo habil (tomografia computadorizadaem todos os casos e ressonância magnetica de difu-sao, quando necessaria) e a equipe de neurointervencaofica disponivel para atuar dentro da janela de tempopreconizada. Bersin, do Seattle Cardiology and SwedishMedical Center (Seattle, Estados Unidos), em seu edito-rial, faz uma revisao das principais publicacoes quefundamentam a reperfusao no acidente vascular cere-bral isquemico, lembra que as diretrizes da AmericanHeart Association para o tratamento do acidente vascularcerebral isquemico ainda nao recomendam o tratamentoendovascular nesse cenario, e informa que os estudosIMS III, nos Estados Unidos, e COMBATSTROKE, naEuropa, estao em andamento para comparar rt-PA intra-venoso vs. rt-PA intra-arterial/intervencao mecânica noacidente vascular cerebral isquemico.Artigo de muito interesse, de Cardoso et al., doInstituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (PortoAlegre, RS), investiga o perfil e explora os resultadosclinicos obtidos de uma coorte consecutiva de pacien-tes submetidos a intervencao coronaria percutânea prima-ria, tratados dentro e fora do horario regulamentar detrabalho de sua instituicao, centro cardiologico de refe-rencia que disponibiliza o tratamento 24 horas por dia,sete dias por semana. Mattos, do Instituto Dante Pazza-nese de Cardiologia, em editorial relacionado, comentaa influencia de uma das principais variaveis envolvidasnos resultados da intervencao coronaria percutânea prima-ria, o tempo porta-balao, e de outra variavel, menosexplorada mas nao menos importante, a experiencia doscardiologistas intervencionistas que atuam em plantoes,feriados e finais de semana. Recomenda, ao final, umaserie de medidas que as instituicoes devem adotar, paraque se obtenham os melhores resultados no tratamentodessa condicao, principal causa de mortalidade no Brasil.
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