
A Questão do Acre: internacionalização dos interesses sobre a contenda acreana
2014; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA; Volume: 1; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5902/2357797512697
ISSN2357-7975
AutoresGuilherme Ziebell de Oliveira, João Marcelo Conte Cornetet, Julien Marcel Demeulemeester, Roberto Jacob Fleck,
Tópico(s)Brazilian History and Foreign Policy
ResumoA Questão Acreana aparentava ser apenas uma contenda bilateral entre Bolívia e Brasil, entretanto constituiu-se em um impasse imerso nos entremeios de um tabuleiro estratégico muito mais complexo, moldando a nova balança de poder e de interesses que se configurava na América do Sul. Neste contexto, a Bolívia estava em situação de clara desvantagem, ameaçada territorialmente pelo Brasil no Acre, pelo Chile no Pacífico, pelo Peru no Titicaca e pela Argentina no Atacama. Para garantir a continuidade de sua existência, o país andino apelou para a concessão de parte de seu território legal a uma companhia de capitais essencialmente norte-americanos, o Bolivian Syndicate, acreditando que assim conseguiria o apoio político dos Estados Unidos nos litígios territoriais que vinha enfrentando. A busca do apoio estadunidense não foi fortuita; pelo contrário, foi fruto de um projeto meticulosamente orquestrado por bolivianos e americanos, visando atender os projetos imperialistas deste e garantir a segurança territorial daquele. Com o surgimento da possibilidade de instalação de uma companhia essencialmente norte-americana na região, o Brasil e outros Estados sul-americanos vêem a sua soberania territorial, bem como seus interesses econômicos, ameaçados pela expansão imperialista estadunidense que se alastrava pelo continente. Desta maneira, em meio ao complexo jogo político que envolveu a questão acreana surgiriam impasses diplomáticos entre os principais players da América do Sul e Europa, moldando os rumos políticos e econômicos do continente sul-americano em fins do século XIX e início do século XX.
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