Uma medicina para escravos
2004; University Association for Research in Fundamental Psychopathology; Volume: 7; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/1415-47142004003009
ISSN1984-0381
AutoresÁureo Augusto Caribé de Azevedo,
Tópico(s)Youth, Drugs, and Violence
ResumoUma mulher aqui do Vale do Capao (pequena vila na zona rural dePalmeiras, Bahia) procurou-me para a consulta na terca-feira. E que todasas tercas, ha muitos anos, vou para Lothlorien, uma instituicao perto deminha residencia, onde disponho de um ambulatorio para atendimentogratuito a populacao local. Timida, a mulher teve dificuldade em dizer oque se passava com ela, pois sangrava, mas nao tinha certeza se essesangue vinha da vagina ou do ânus. Ja havia consultado um medico emuma cidade proxima, porem a medicacao nao surtira o efeito desejado.Como sempre, estava acompanhado por Marilza que e a auxiliar deenfermagem que trabalha comigo, ou melhor e para ser mais exato ecorreto, que partilha comigo o atendimento, ja que me da melhorescondicoes de atuar. Ela conhece todas as pessoas daqui, assim como seusantepassados; sabe dos jeitos de lidar com as palavras da gente nativa,conhece as plantas medicinais que medram nos quintais... As vezes elame indica, por exemplo, que um avo daquele jovem que esta na consultapadeceu de um quadro semelhante a sua queixa atual, ou me adverte queaquela mulher, com as maos cheias de feridas, apresentou aquele mesmoquadro quando inda crianca, coisa que a propria mulher nao mais tinhalembranca. Outrossim, em alguns casos aconselha-me receitar certasplantas que, na sua experiencia, foram positivas em casos semelhantesao atual em alguma consulta. Voltando a mulher do inicio desta conversa,*
Referência(s)