Artigo Produção Nacional

Sobre cães, vivisecção e darwinismo: uma história da Biologia e de seus dilemas éticos

2014; Volume: 16; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

2526-169X

Autores

André Luís de Lima Carvalho, Ricardo Waizbort,

Tópico(s)

Philosophy and History of Science

Resumo

Conflitos entre ativistas e pesquisadores da comunidade biomedica, como o incidente envolvendo o resgate dos beagles do Instituto Royal, em 2013, envolvem questoes eticas significativas, e tem raizes historicas profundas, que remontam a Inglaterra vitoriana, onde surgiram as primeiras organizacoes antivivisseccionistas. A medicina ocidental, ate entao considerada a arte da cura, se tornava cientifica, em um processo de revolucao paradigmatica, no centro da qual estavam os laboratorios fisiologicos, que empregavam largamente a vivisseccao como principal metodo investigativo. O presente artigo pretende demonstrar que a historia dos conflitos acerca da legitimidade da vivisseccao e indissociavel da historia do nascimento da Biologia como ciencia autonoma, em um periodo onde emergiam o Darwinismo e a Fisiologia Experimental. No Reino Unido, Charles Darwin e seus aliados participaram diretamente desse debate e desses embates, tendo influencia direta no exito da legitimacao dosexperimentos com animais em seu pais, e o principal porta-voz dos interesses comuns a darwinistas e fisiologistas, incluindo a defesa da experimentacao animal, foi Thomas Huxley, um grande promotor e divulgador do Darwinismo e da Biologia. Analisando os discursos de alguns porta-vozes desses interesses, como Huxley e Claude Bernard, sobre a vivisseccao e as ciencias biologicas, e tambem de dois de seus opositores – Frances Power Cobbe e Richard Hutton, pretende-se contribuir para a compreensao da historia desse debate e de como ele esteve ligado a Historia da Biologia.

Referência(s)