Artigo Produção Nacional Revisado por pares

Jogos ficcionais como máscaras em obras de Clarice Lispector / Literary Devices as Masks in the Works of Clarice Lispector

2014; UNESP; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

1808-1967

Autores

Edson Ribeiro Da Silva,

Tópico(s)

Linguistics and Education Research

Resumo

A literatura preocupada com problemas sociais, sobretudo relacionados as classes mais pobres, nem sempre lhes deu a voz. O narrador, quando usa a primeira pessoa, quase sempre esta em uma condicao social que permite a ele escrever. Na terceira pessoa, confunde-se com a voz do autor. Clarice Lispector, muitas vezes acusada de fugir de temas sociais, reconhece, em A hora da estrela , o paradoxo que reside na literatura voltada para o social. E constroi uma interessante mascara ficcional valendo-se deste paradoxo. Ela ja estabelecera como mascara a possibilidade de falar da propria escritura, sobretudo em Agua viva , quando faz da primeira pessoa um modo de mostrar-se como escritora e narradora. Trata-se de um exercicio extremo de literatura autorreflexiva, ou de assimilacao do autor pelo narrador. A ironia, em A hora da estrela , constitui um recurso de que a autora se vale como forma nao apenas de responder a quem criticava sua estetica introspectiva, como tambem de demonstrar as possibilidades de mascaramento suscitadas pelos jogos ficcionais. Aqui, as vozes do narrador e a do escritor ora se confundem, ora se afastam, mas a personagem que motiva a denuncia social permanece em silencio.

Referência(s)