Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Na lapa tudo é permitido! A lapa sob o olhar e a experiência de travestis das antigas

2008; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 9; Issue: 19 Linguagem: Português

10.22456/1984-1191.9499

ISSN

1984-1191

Autores

Ana Luiza Carvalho da Rocha, Mônica Siqueira,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

Neste ensaio trago reflexões de caráter preliminar decorrentes dos primeiros meses de trabalho de campo para fins de doutoramento com um grupo de travestis acima dos 60 anos e residentes na cidade do Rio de Janeiro. Tal investigação tem como proposta principal, compreender os processos pelos quais este grupo foi construindo ao longo de suas trajetórias sociais e por intermédio de seus itinerários urbanos, suas práticas de sociabilidade relacionadas às suas vivências na c idade do Rio de Janeiro. Pensar as prática s de sociabilidades especificas deste grupo nos leva a análise de suas interações sociais e conseqüentemente das formas de apropriação do espaço urbano bem como de suas relações, percepções e concepções da c idade, entendida aqui como cenário de atuação desses atores sociais. Deste modo, para os propósitos deste texto destaco fragmentos de narrativa s e vivências de três interlocutoras moradoras ou antigas moradoras do bairro da Lapa e arredores. O bairro da Lapa foi fundado em 1751 e se desenvolveu ao redor da Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro no largo e dos Arcos da Carioca o aqueduto concluído em meados do século XVIII durante a administração do Governador–Geral Gomes Freire de Andrade. Esta situada no centro da cidade, e destaca-se como um dos principais símbolos do Rio de Janeiro, por sua notória vida noturna devido aos antigos cabarés e zonas de meretrício (Cosme, 2005) e por seus célebres moradores ou antigos habitués como: Villa Lobos, Lima Barreto, Manuel Bandeira, Di Cava lcanti, Sergio Buarque de Holanda, entre outros artistas, músicos e intelectuais, sem falar nos míticos malandros Chile, com seus chapéus terno de linho branco e sapatos bicos finos, tendo como representante mais famoso Madame Satã considerado como o primeiro “travesti-artista” do Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos o bairro passou por diversas transformações urbanas e de estilo de vida. Se no inicio se caracterizava por ser um bairro familiar, aristocrático e centro político a partir de 1910 a paisagem do bairro ganha novos aspectos com a instalação das primeiras pensões de mulheres que nos anos seguintes tomaram as ruas e becos do bairro de assalto, um dos mais famosos é o beco das carmelitas onde as casas funcionavam durante todo o dia. Principalmente as décadas de 20 e 30 do século passado foram consideradas Montmartre Montparnasse pelos ilustres poetas, intelectuais e músicos como a ou carioca caracterizando o “Rio Noturno” em alusão aos áureos tempos da boêmia do bairro. (Santos de Lima Costa, 2000).

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