Artigo Produção Nacional Revisado por pares

De repente nas profundezas da alma

2008; Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara; Volume: 13; Issue: 25 Linguagem: Português

ISSN

1982-4718

Autores

Edmundo Antonio Peggion,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

Uma aldeia, um mundo no qual os animais desapareceram e a referencia a eles e apenas imaginaria. Sim, de fato os habitantes do lugar procuram mostrar aos seus fi lhos que os animais nunca existiram na aldeia, mas talvez isso nao convenca a todos. Talvez em algum lugar, talvez em um outro tempo... Uma fabula surpreendente. Uma narrativa que envereda pela exposicao tocante das relacoes humanas com os animais. Uma fabula defi nida, de modo geral, como um texto que coloca o sentido nas metaforas da historia que foi contada. Amos Oz, em seu mais recente livro, De repente, nas profundezas do bosque, parece recorrer a fabula como recurso para contar sua historia. No entanto, constitui uma narrativa da mais extrema sensibilidade e sofi sticacao conseguindo, na sintese de seus propositos, apresentar um texto profundo, que ultrapassa o sentido e ate mesmo as metaforas mais imediatas. Amos Oz fala das relacoes como referencia central. A relacao entre humanos e animais, entre humanos de um modo geral, entre adultos e criancas tendo como mote a relacao com animais ausentes da narrativa. Sobretudo fala das relacoes assimetricas, de incompreensoes e desprezo. Fala da dificil aprendizagem que e conviver com a diferenca e, acima de tudo, da angustia dos desvios. No livro De repente, nas profundezas do bosque, para aquele que resolve pensar diferente sobra padecer de uma doenca animal, que, novamente nao permite mais o dialogo. Pelo menos nao com humanos. Somente a loucura e a desrazao, o lado nao-humano que afl ora num mundo em que justamente impera a ausencia animal. Ha o desprezo por esse que se desvia, tido como louco, motivo de ironia e chacota. Ha tambem um ser mitico Nehi, temido por todos, que ronda o vilarejo durante as noites. Durante o dia ele vive no bosque, local proibido e perigoso para todos os aldeoes.

Referência(s)