
A (im)possibilidade de dar corpo ao passado em Não é meia noite quem quer, de António Lobo Antunes
2014; Volume: 34; Issue: 52 Linguagem: Português
10.17851/2359-0076.34.52.103-116
ISSN2359-0076
AutoresÂngela Beatriz de Carvalho Faria,
Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
Resumo<p>A partir das reflexões críticas presentes em <em>A imagem sobrevivente: história da arte e do tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg</em>, de Georges Didi-Huberman, <em>Origem do drama trágico alemão </em>e <em>O anjo da História</em>, de Walter Benjamin, “Melancolia e saudade”, de Eduardo Lourenço, e <em>As mulheres na ficção de António Lobo Antunes: (in)variantes do feminino</em>, de Ana Paula Arnaut, pretende-se analisar o romance <em>Não é meia noite quem quer </em>(2012), de António Lobo Antunes, privilegiando-se as seguintes questões: a) De que maneira a “melancolia faz do corpo a fonte do desencanto da alma perante o mistério da existência”?; b) Como o espaço-tempo da História, sutilmente aludido na ficção antuniana, torna-se parte integrante de um tempo trágico, inerente à personagem imersa na memória, em busca de ruínas?; c) Como o esquecimento e a (im)possibilidade de dar corpo ao passado são tematizados na narrativa do século XXI?; d) Quais são as estratégias discursivas que sustentam isso?; e) Não haveria um “tempo para os fantasmas”, uma “sobrevivência” e/ou uma “reaparição de imagens” na narrativa que reflete a crise da subjetividade coerente e da representação?; f) Quais são as estratégias da memória numa era de catástrofes, em que se observa o primado das ruínas da casa, da família e dos afetos?; g) De que maneira delineia-se a oscilação comum ao melancólico, situado entre a infelicidade narcísica e o triunfo da alegria?</p><p>From the critical reflexions on <em>A imagem sobrevivente</em>: história da arte e do tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg, written by George Didi-Huberman, <em>Origem do drama barroco alemão </em>and <em>O anjo da história</em>, by Walter Benjamin, “Melancolia e saudade”, by Eduardo Lourenço, and <em>As mulheres na ficção de António Lobo Antunes</em>: (in) variantes do feminino, by Ana Paula Arnaut, we intent to analyze the romance <em>Não é meia noite quem quer</em>, written by António Lobo Antunes, focusing on the following issues: a) How the “melancholy makes the body a source of disenchantment of the soul in front of the existence’s mystery”?; b) How History’s space-time, subtly alluded on the antuniana fiction, becomes integrant part of a tragic time, inherent to the character immersed in memory, in seek of ruins?; c) How oblivion and the (im) possibility to embody the past are themed on the XXI century? d) Which are the discursive strategies to support it?; e) Would exist a “time for ghosts”, a “survival” and/or a “reappearance of images” in the narrative that reflects the crisis of coherent subjectivity and of representation?; f) Which are the memory strategies on a catastrophe era, where there are ruins of the house, the family and affections?; g) How to delineate the common oscillation of the melancholic, situated between the narcissistic unhappiness and the triumph of joy?</p>
Referência(s)