Descrição da cidade de Viseu: um poema épico barroco
2001; Catholic University of Portugal; Volume: 10; Issue: 10 Linguagem: Português
ISSN
0872-0215
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoDepois da epica medieval, “com os alvores do Renascimento e devido a revalorizacao da Poetica de Aristoteles e de Horacio, a exigencia de um cânone mais rigoroso conduziu a um amplo debate sobre a natureza e as caracteristicas do poema epico, numa tentativa de alcancar o equivalente moderno da epopeia homerica ou virgiliana” (FERRO, 1997: 306). Esta discussao teorica e respectivas experiencias literarias assumiu em Portugal contornos especificos, correspondendo a uma confluencia de vectores que contemplava, por um lado, a proclamacao da epopeia como o genero mais nobre, dentro da expectativa criada pelo codigo poetico renascentista, e, por outro lado, o espirito de exaltacao nacionalista com origem nos Descobrimentos, mostrando a consciencia da excepcionalidade dos feitos militares dos portugueses na expansao (FERRO, 1997: 307). Assim, atraves do poema camoniano Os Lusiadas, “entendido como a cristalizacao de mitos nacionais e a forca historico-poetica do espirito de um povo, estava encontrada a forma da poesia epica que, entre nos, iria marcar a evolucao do genero nos periodos seguintes” (FERRO, 1997: 307). A partir dele, fixou-se uma estrutura formal, contemplando uma sucessao de partes tradicionais, em que a narrativa se constitui como um todo, unindo episodios e descricoes de indole historica, lendaria e alegorica, em cantos de oitava rima. E fixou-se a nocao de heroi que chegou a merecer a consagracao dos deuses devido a um percurso de “heroismo, da experiencia, do sofrimento, do esforco e da virtude”, demonstrando uma “sabia conjugacao de aspectos dos modelos medieval e renascentista, guerreiro em empresas belicas e, simultaneamente, rico de virtudes morais, perfeito cavaleiro e cortesao nas relacoes sociais e, sobretudo, homem predisposto ao amor”.
Referência(s)