
Grupos de pesquisa em enfermagem: a transferibilidade do conhecimento para a prática
2012; Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós Graduação em Enfermagem; Volume: 21; Issue: 4 Linguagem: Português
10.1590/s0104-07072012000400001
ISSN1980-265X
AutoresMercedes Trentini, Denise Maria Guerreiro Vieira da Silva,
Tópico(s)Health, Nursing, Elderly Care
ResumoO percurso da construção do conhecimento é infinito e está repleto de desafios.O maior desafio dos grupos de pesquisa na enfermagem diz respeito à coparticipação das instituições de saúde no campo da prática assistencial.Na sua maioria, os grupos de pesquisa na enfermagem não têm vínculo legitimado com os sistemas responsáveis pelas práticas de saúde e, esse fato, implica em dificuldade para a transferência de conhecimentos da academia para a prática e vice-versa.A origem deste distanciamento pode estar relacionada ao desencontro de interesses e propósitos de ambas as partes.Os grupos de pesquisa em universidades centralizam suas atividades no desenvolvimento de conhecimentos, predominantemente abstratos, enquanto que as instituições responsáveis pela prática necessitam de conhecimentos que os orientem para a solução de problemas em curto prazo, enfrentados em seu cotidiano.Visto deste modo, um dos maiores desafios na atualidade, se constitui na oficialização da participação de instituições de assistência à saúde, no desenvolvimento e socialização do conhecimento construído por esses grupos de pesquisa.A concretização dessa comunicação requer por parte dos serviços de saúde, uma agenda de pesquisas que indique seus temas de interesse.Neste sentido, a responsabilidade de transferir o conhecimento produzido na pesquisa para a prática é compartilhada entre os profissionais que atuam no campo da prática e os pesquisadores.Estes têm o compromisso de construir, em parceria com os profissionais da prática, dispositivos para proceder esta transferibilidade, fazer pesquisa confiável, pesquisar temas inerentes à prática e, sobretudo, estarem atentos às demandas e respostas da prática de enfermagem.Embora existam inúmeras tentativas para transferir o conhecimento produzido nas pesquisas para a prática de enfermagem, esta ainda se mostra em desarmonia com esse emergir de evidências teóricas.As tentativas de transferibilidade se intensificaram nos tempos mais recentes e ainda prosseguem desafiantes.Para concretizar tal transferibilidade do conhecimento teórico para a prática assistencial, há que se considerar que a migração do conhecimento não corresponde simplesmente na transladação do mesmo, tal qual foi concebido pelos pesquisadores, ele precisa ser reconstruído, ou seja, necessita de um processo de dês-abstração, de modo a torná-lo refinado e ajustável às condições da prática.Para efetuar o refinamento do conhecimento, os pesquisadores precisam escutar a "voz da prática", pois é no campo da prática que as formulações teóricas emergem e precisam à prática retornar, a fim de serem testadas, absorvidas e incorporadas ou refutadas.Ao refletir desta maneira, a evolução da enfermagem como profissão depende, necessariamente, do processo de interação do conhecimento emerso da prática e do conhecimento construído pela pesquisa.A formação de grupos de pesquisa envolve também atividades técnico-administrativas que favoreçam essa transferibilidade, tais como: prover recursos humanos e materiais suficientes em número e qualidade, incentivar atitudes de comprometimento com a transferibilidade, tanto individual quanto organizacional, e elaborar um plano de educação, em longo prazo, para a capacitação profissional.Além desses aspectos, há disponibilidade de metodologias do tipo participativa, a exemplo da pesquisa-ação e a pesquisa convergente-assistencial, que se mostram apropriadas para a simultaneidade da construção do conhecimento e sua transferência para a prática.Outro desafio a ser enfrentado pelos grupos de pesquisa é a superação da carência de comunicação entre grupos afins.Percebe-se que não há uma efetiva comunicação entre os grupos de pesquisa existentes de uma mesma instituição de ensino na enfermagem e, muito menos, com grupos afins de outras instituições.Esta vulnerabilidade dos grupos
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