A gênese da causalidade física
2004; Volume: 2; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s1678-31662004000100002
ISSN2316-8994
Autores Tópico(s)Linguistics and Language Studies
ResumoAs nocoes ou categorias de causalidade e determinismo acompanharam a formacao das ciencias modernas e, em primeiro lugar, da fisica. O uso corrente em nossos dias tende frequente e erroneamente a confundi-las, nas reconsideracoes feitas pela propria fisica. Propomo-nos esclarecer aqui a primeira dessas nocoes, mais precisamente a de causalidade fisica, examinando sua elaboracao no inicio da dinâmica, por meio das primeiras operacoes e conceituacoes que acompanham a matematizacao da mecânica, antes dela ser estendida a fisica em geral. Veremos como, apoiando-se inteiramente em um aspecto filosofico tradicional da ideia de causalidade (aquele de eficiente), a causalidade fisica se estabelece em ruptura com o sentido metafisico que lhe era anteriormente associado. Mais do que no Principia de Newton, e na reelaboracao por d'Alembert, no Traite de dynamique, das leis do movimento formuladas como principios e expressas pelo calculo diferencial, que a ideia de causalidade fisica e expressamente considerada como indissociavel de seu efeito, que e a mudanca de movimento. Os respectivos pensamentos de Newton e de d'Alembert sobre as nocoes de causa e de forca estao a esse proposito em oposicao, diferindo quanto a natureza propriamente fisica dessa mudanca, considerada por d'Alembert como imanente ao movimento, segundo a causa circunscrita por seu efeito, enquanto ela permanece matematica e metafisica na concepcao newtoniana da forca externa, como substituto matematico das causas, tal como havia sido proposto antes da mecânica analitica de Lagrange. Foi a concepcao fisica herdada de d'Alembert, que prevaleceria a seguir por meio da mecânica analitica lagrangiana, que permitiu reintegrar fisica e racionalmente o conceito de forca em sua transcricao diferencial euleriana.
Referência(s)