
Transformação e permanencia do espaço, forma de ocupação e sociabilidade em um trecho da Rua 24 de Maio - Porto Alegre- RS
2005; Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (ASPHE); Volume: 6; Issue: 13 Linguagem: Português
10.22456/1984-1191.9206
ISSN1984-1191
AutoresAna Luiza Carvalho da Rocha, Luciana de Mello,
Tópico(s)Urban Development and Societal Issues
ResumoNa cidade de Porto Alegre, quem faz o trajeto centro-imediações, por morar, trabalhar, fazer compras, estudar ou utilizar os serviços desta região, talvez já tenha tomado como atalho um trecho da rua 24 de Maio, cujos degraus ligam os bairros Cidade Baixa e Centro. É a escadaria da 24, localizada entre as ruas Duque de Caxias, na parte alta do centro da cidade, e a rua Desembargador André da Rocha, na parte baixa adjacente, ao sul. Neste lugar os degraus substituíram o asfalto, em virtude da inclinação do terreno, permitindo somente o transitar de pedestres, sem nenhum acesso de veículos. Todas as construções são antigas, porém de épocas diferentes, a mais recente com aproximadamente 30 anos. Para o geógrafo Milton Santos o espaço está sempre presente, abarcando simultaneamente vários elementos temporais, inclusive - e principalmente - os do passado, de distintos momentos; e “cada lugar é dotado de certa autonomia, diferenciada de acordo com seu exterior”. Ao subir ou descer pela escadaria, observa-se uma configuração diferente da paisagem em relação a outros espaços de áreas circunvizinhas ao local. Tem-se a impressão que está se adentrando, e não simplesmente acessando uma rua qualquer. As áreas edificadas coincidem com as áreas dos lotes, um ao lado do outro, causando a sensação de estar passando por um túnel, pois a escadaria acaba sendo cercada pelas paredes de concreto dos prédios, quase todos edifícios com mais de um andar, em um trecho onde só passam pedestres. Assentados sobre o antigo parcelamento de solo de Porto Alegre, com lotes estreitos e profundos, os edifícios residenciais não possuem recuos laterais ou frontais, conseqüentemente nem salão de festas e praçinhas. Isso tanto aproxima mais a casa da rua, como possibilita a escadaria ser espaço de sociabilidade entre vizinhos e/ou passantes. Nas cidades brasileiras, segundo o antropólogo Roberto Damatta, os espaços casa e rua interagem e se complementam cotidianamente através da movimentação de seus habitantes. No caso aqui etnografado, a ambiência da escadaria sugere um tempo em que as sociabilidades se davam mais em espaços públicos do que privados, diferente da época atual das grandes cidades, onde os edifícios residenciais, mais modernos, localizados nos bairros mais afastados do centro, possuem espaços destinados ao lazer basicamente entre os moradores locais.
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