Artigo Acesso aberto

Dos males hipocondríacos. Fragmento

2006; University Association for Research in Fundamental Psychopathology; Volume: 9; Issue: 4 Linguagem: Português

10.1590/1415-47142006004011

ISSN

1984-0381

Autores

Paolo B. Zacchia,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

Nesta nossa cidade de Roma, fertilíssima em males hipocondríacos, viveu um homem muito bem afortunado, cujo nome convém que se cale.Ele não somente se comparava a poucos em riqueza, saúde, beleza de corpo e nobreza, mas também, o que é mais importante, era dotado de todas as virtudes e tinha costumes tais que ninguém poderia desejar que fosse mais agradável.Tinha a temperatura dos sanguíneos, a cor viva, a face alegre, os pêlos loiros, a estatura alta, o corpo bem formado, idade de 36 anos, e deleitava-se com todas as coisas que convém a um homem nobre, como cavalgar, duelar e caçar.Nem por isto era alheio às letras e outras virtudes; gostava sobretudo de música.Apreciava, em particular, o canto dos pássaros e mantinha vários deles, em gaiolas douradas e ornadas com distinção, em cada cômodo de sua suntuosa casa.Gostava tanto desses pássaros, e inclusive de tomá-los na mão, que, como se fosse a causa, começou a estar fora do seu normal e, qual melancólico, a sentir no

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