Artigo Revisado por pares

Sobre arquivos e fantasmas: memórias da repressão em Portugal

2015; UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO; Volume: 6; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

2177-3807

Autores

Lisa Carvalho Vasconcellos,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

No inicio dos anos noventa, os antigos arquivos da Policia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), policia politica do regime salazarista, foram, depois de longo tempo, abertos para consulta publica. Natureza Morta (2005) da produtora e diretora portuguesa Susana de Sousa Dias e um filme que surgiu como consequencia direta do contato com esse material ate entao interdito. Ele se propoe a delicada tarefa de narrar (e elaborar) de maneira complexa e enviesada a memoria da repressao que vigorou no pais durante o regime de excecao. A base do trabalho sao os mugshots , retratos de registro de frente e lado, feitos para cada um dos individuos que foi apreendido e fichado pela PIDE. No filme, essas pequenas fotos sao contrapostas a outras imagens de arquivo, a saber, aquelas que serviam de propaganda institucional ao proprio governo portugues. O filme poe em sequencia imagens de eventos militares oficiais, festas religiosas, desfiles estudantis – intercaladas sempre por pequenas mugshots , nas quais o espectador surpreende, em rostos incrivelmente comuns, toda a repressao e violencia dos anos de chumbo portugueses. Para a leitura proposta, conceitos como os de arquivo, fantasmagoria e sobrevivencia das imagens – desenvolvidos, principalmente, por Jacques Derrida e Georges Didi-Huberman – serao as referencias fundamentais deste trabalho. In the early 90’s, the old PIDE (the political police kept by Salazar during his authoritative government) archives were open to public consultation. Still life (2005), by the Portuguese director Susana de Sousa Dias, is a film that works directly with this material. The film tries to narrate (and elaborate) in a complex and indirect way facts concerning Portugal´s dictatorial system. The work is based on the filming the mugshots that were made for each individual that was apprehended and booked by PIDE. In Still life , those little pictures are contrasted with official governmental images used as propaganda by Salazar´s regime. The film puts in sequence images of military events, religious festivals, student´s parades – always intertwined by the small mugshots where the spectator sees in the prisoner’s plain faces, all the violence and repression of Portugal´s dictatorial ship. To analyze that film we will use the concepts of archive, phantasmagoria, and survival of images found in the works of Jacques Derrida e Georges Didi-Huberman.

Referência(s)