LOURO, G. L. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

2007; UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; Volume: 23; Issue: 30 Linguagem: Português

10.5380/educar.v0i30.11389

ISSN

1984-0411

Autores

José Szwako,

Tópico(s)

Psychology and Mental Health

Resumo

“A sexualidade e um objeto em disputa”. “A sexualidade e um espaco cujos limites e significados sao contestados politicamente”. Essas duas afirmacoes parecem nao surpreender – nao hoje. A razao disso pode ser situada (sem nenhuma pretensao de revisao historica) no cruzamento de dois fatores: de um lado, a influencia de diferentes matrizes critico-filosoficas, advinda daqueles autores franceses cuja obra foi unificada sob o rotulo “pos-estruturalista”. De outro lado, as transformacoes historico-politicas ocorridas no Brasil, durante os anos 1980, como, por exemplo, a consolidacao da pesquisa universitaria, bem como a emergencia politico-publica dos novos atores e movimentos sociais. A partir desse encontro nao-planejado, as interpretacoes academicas se voltam menos para a sexualidade, enfatizando agora os efeitos dos discursos sobre o “sexual”. Ou seja, a producao universitaria brasileira passa a insistir cada vez mais no carater normativo e normalizante dos discursos em torno das praticas e relacoes sexuais. Nesse sentido, o debate constroi uma gama de demonstracoes teoricas e historicas, postulando e confirmando que o espaco de discussao psicocientifica em torno da sexualidade nao e senao um espaco discursivo que pretende e que produz normalizacao e, a partir dai, normalidade sexual. Um corpo estranho, livro da pesquisadora do Programa de Pos-Graduacao em Educacao da UFRGS Guacira Lopes Louro, poderia ser mais um trabalho no oceano de explicacoes foucaultianas, poderia ser uma voz a mais no unissono (nao-declarado) da critica aos dispositivos institucionais e instituidos reguladores da sexualidade. Poderia, mas nao e. O desafio do livro, formulado como problema dentro da teoria queer e aceito pela autora, nao e dotado de carater sociologico, nao pretende denunciar, desmascarar ou, sequer, desconstruir uma realidade educativa ou sociossexual. De inicio, a autora deixa claro que nao aspira a uma “explicacao” ou “descricao” dessa teoria. “[A] irreverencia e a disposicao antinormalizadora da teoria

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