Actividade física, obesidade e saúde: uma perspectiva evolutiva
2002; Elsevier BV; Volume: 20; Issue: 1 Linguagem: Português
ISSN
2173-4135
Autores Tópico(s)Physical Activity and Health
ResumoVarios estudos epidemiologicos tem mostrado uma clara relacao entre a actividade fisica e o risco de doencas cardio-vasculares, a doenca das arterias coronarias, a diabetes de tipo 2 e alguns tipos de cancros na mulher. Apesar do acumular de investigacao no sentido da confirmacao da importância da actividade fisica na saude, as tendencias actuais demonstram um aumento do sedentarismo nas sociedades desenvolvidas. Em paralelo com este sedentarismo generalizado das populacoes ocidentais, a prevalencia de obesidade tem tambem aumentado dramaticamente, tendo sido considerada pela Organizacao Mundial de Saude a epidemia do seculo XX. Portugal apresenta uma evolucao semelhante a generalidade dos paises europeus, com aumentos de obesidade em jovens adultos recrutas de 0,9% em 1985 para 2,9% em 1998. Estes valores nao sao alarmantes no contexto das sociedades actuais; contudo, a velocidade de aumento em tao pouco tempo em pessoas tao jovens e preocupante. Numa amostra de estudantes da Universidade de Coimbra, 2835 rapazes e 3366 raparigas com idades compreendidas entre os 18 e 23 anos e observados entre 1995 e 2001, o excesso de peso foi de 20,3% nos rapazes e 10,5% nas raparigas e a obesidade foi de 2,7% nos rapazes e 1,3% nas raparigas. A semelhanca do que acontece nos paises desenvolvidos, nesta amostra de universitarios verificou-se uma maior percentagem de obesidade em filhos cujos pais possuem um baixo grau de instrucao e uma menor percentagem nos filhos de pais com um grau de instrucao superior. O nivel de sedentarismo das sociedades actuais deriva, entre outros factores, da evolucao cultural da humanidade. Durante 95% a 99% da historia da humanidade, as populacoes viveram com um padrao de subsistencia de cacadores-recolectores em que despendiam muita energia para adquirir alimentos para a sua subsistencia. Actualmente, os alimentos estao disponiveis em abundância, sendo necessario um pequeno dispendio de energia para os adquirir, o que provoca um acentuado desequilibrio do nosso balanco energetico.
Referência(s)