Artigo Produção Nacional Revisado por pares

ARAUJO, J. C. S.; FREITAS, A. G. B.; LOPEZ, A. P. C. (ORGS). AS ESCOLAS NORMAIS NO BRASIL: DO IMPÉRIO À REPÚBLICA. CAMPINAS. SP: ALÍNEA. 2008.

2011; UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA; Volume: 12; Issue: 1 Linguagem: Português

ISSN

1984-7246

Autores

Ana Regina Ferreira de Barcelos, Marilândes Mól Ribeiro de Melo,

Tópico(s)

Rural and Ethnic Education

Resumo

O livro As escolas normais no Brasil. Do Imperio a Republica, composta por 22 artigos elaborados por 31 pesquisadores, nos convida a percorrer o Brasil, para conhecer o movimento historico-educacional de criacao e consolidacao das Escolas Normais ao longo do seculo XIX e inicio do seculo XX. Esse movimento e amparado e entrelacado nas distintas regioes estudadas, por um desejo de modernizacao e de urbanizacao. A coletânea cobre a trajetoria da Escola Normal em dezoito estados brasileiros em uma abordagem que e cronologica: dois estudos referem-se ao primeiro reinado (Niteroi e Bahia); quatorze fazem mencao ao segundo reinado (Mato Grosso, Sao Paulo (2), Piaui, Rio Grande do Sul, Parana, Espirito Santo, Rio Grande do Norte, Paraiba, Rio de Janeiro (2), Goias e Ceara). E seis capitulos abarcam o periodo republicano (Maranhao, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Brasilia). O estudo tambem aborda uma dimensao regional, pois contemplam cinco estados da Regiao Nordeste, tres estados na Regiao Sudeste, quatro estados na Regiao Centro Oeste e finalmente na Regiao Sul os tres estados sao investigados. A regiao Norte do pais nao foi tratada nesta obra. Os autores optam entre tratar esses objetos de estudo, em sua genese e/ou em sua trajetoria. A busca da modernizacao e urbanidade e tambem expressa materialmente pela arquitetura escolar, testemunha do valor da educacao como promotora desse processo e da necessidade da qualificacao do corpo docente, por meio de sua formacao, e do ensino, exigencias clamorosas nesses contextos. A abrangencia do trabalho proporcionado pelos autores nos oferece um panorama da institucionalizacao da educacao brasileira de modo amplo, e das Escolas Normais, de modo especifico, ao utilizarem uma diversidade de fontes de pesquisa, que entre documentos oficiais, legislacao, livros utilizados, discursos jornalisticos, arquitetura dos edificios, entrevistas com professores oriundos dessas escolas e imagens, enriquecem o estudo e disponibilizam vestigios que nos auxiliam a compor o mosaico que constituia a Escola Normal, que era atravessada por interesses e disputas de toda ordem. Ao longo do estudo e possivel perceber a intermitencia do processo de criacao das Escolas Normais marcada por seu “nascimento, apogeu, ocaso e (re)nascimento”, como representacao das luzes e da vida no aspecto referente a necessidade de um lugar especifico para a formacao de professores (BRZEZINSKI, 2008). Durante o periodo imperial as condicoes do ensino publico eram precarias. Rocha afirma que: o numero de escolas era reduzido, as instalacoes inadequadas. Sem mobiliario condizente e com parco material didatico, funcionavam com numero reduzido de professores, que trabalhavam em condicoes extremamente desvantajosas e recebiam baixos salarios (2008, p. 47). O quadro descrito pelo autor revela o retrato da educacao no periodo do Imperio, na maioria das provincias do pais, situacao permeada por avancos e recuos que se estendem aos estados ate a primeira metade do seculo XX, ainda que as disputas e as preocupacoes com a constituicao da educacao publica, e com a formacao de mestres, estivessem centrada no conhecimento universal e na formacao da intelectualidade, como projeto modernizante da educacao e dos estados de modo geral. A convergencia dos trabalhos indica a necessidade de criar novos habitos de consumo; de estabelecer novos padroes de mobilidade social e divulgar os valores especificos da sociedade urbano-industrial, preconizado pelo desejo de modernizacao. Esse projeto de modernizacao dos estados pela modernizacao da educacao, e foco posteriormente da acao e irradiacao do movimento dos reformadores da educacao brasileira do inicio do seculo XX, que na busca da formacao de uma cultura pedagogica nacional, na relacao teorica e pratica, na formacao do professor e profissionalizacao da educacao tambem se da pela insercao das chamadas “Ciencias Fontes da Educacao”, o que caracteriza a construcao do campo educacional em bases cientificas, da educacao como formadora da nacionalidade e da organizacao nacional pela organizacao da cultura. “A consolidacao dos Estados modernos e a criacao de um corpo de funcionarios publicos encarregados de desenvolver a tarefa de transmissao de conhecimento” (VILELLA, 2008, p. 28), torna-se o ponto de partida para a profissionalizacao do corpo docente, funcao ate entao prioritariamente exercida pela igreja e por mestres pouco preparados. Inicialmente nas provincias e estados observa-se uma tendencia a priorizacao do acesso dos homens aos cursos de formacao de professores que paulatinamente cedeu espaco a insercao das mulheres no magisterio, constituindo um campo profissional fortemente marcado pela feminizacao. Ao longo dos textos os autores destacam que desde o inicio, o magisterio apresentava-se como uma profissao pouco rentavel. No seculo XX, a crescente responsabilizacao do Estado na tarefa de conduzir a educacao, intensifica o processo de controle sobre o grupo de professores por meio do estabelecimento de criterios de formacao, avaliacao, concursos, que lancam as bases para constituicao de uma carreira profissional. no, no entanto o embriao das primeiras mudancas ja se manifestava na segunda metade do seculo XIX. Na obra As escolas normais no Brasil: do imperio a republica, a Escola Normal e abordada como lugar da formacao de professores em uma perspectiva da modernidade, como “um ato de consciencia sobre as possibilidades de inovar em materia de educacao” (DAROS/DANIEL, 2008, p. 358).

Referência(s)