Migrantes - trabalho e trabalhadores no complexo agroindustrial canavieiro (os heróis do agronegócio brasileiro)

2009; Volume: 1; Issue: 2 Linguagem: Português

10.32760/1984-1736/redd/2009.v1i2.1735

ISSN

1984-1736

Autores

Francisco José da Costa Alves, José Roberto Pereira Novaes,

Tópico(s)

Migration, Ethnicity, and Economy

Resumo

A partir de 2001, surgem novos personagens no cenario das cidades dormitorios de boias-frias do interior paulista; os maranhenses e os piauienses. Estes novos personagens nao se diferenciam dos mineiros, baianos e paranaenses que, desde as decadas de 50/60, passaram a migrar sazonalmente esta regiao, em busca de trabalho na safra de cana. Os maranhenses e piauienses tambem sao migrantes como os mineiros e baianos. Chegam sem a destreza e habilidade no corte como os que ja vieram em outras safras, mas estao dispostos a aprender, porque tem de sobreviver, assim como suas familias, nas regioes de origem, que deles dependem. O corte de cana e por eles encarado como a unica possibilidade de driblarem a fome e de conseguirem um trabalho de maior prazo, com salarios superiores aos de suas regioes de origem. Segundo informacoes da Pastoral do Migrante, a safra de 2001 foi a segunda em que chegaram maranhenses e piauienses para o corte de cana naquela regiao. Eram menos de 100 maranhenses na cidade de Guariba e uns 300 em Dumont, uma outra cidade dormitorio localizada na regiao de Ribeirao Preto. Os piauienses chegaram em menor numero em Guariba, eles se dirigiram mais fortemente para os municipios canavieiros mais ao norte, como Orlândia, Serra Azul e algumas outras cidades da Macro-Regiao de Ribeirao Preto. A chegada dos maranhenses e piauienses para o corte de cana na Regiao de Ribeirao Preto, em Sao Paulo coloca duas questoes em evidencia: Uma delas e por que estes trabalhadores cruzavam o pais, numa viagem de mais de 3.000 quilometros, para aventurarem-se no corte de cana, que e reconhecidamente uma atividade penosa, dura, que nao raras vezes leva os trabalhadores a morte? A outra pergunta e por que as modernas usinas paulistas buscam trabalhadores de regioes tao distantes, num momento em que o desemprego de jovens e um dos grandes problemas das prefeituras das cidades canavieiras do interior paulista? Estas sao as questoes que este livro procura responder e foca seu olhar no trabalho destes migrantes no moderno complexo agroindustrial canavieiro paulista e no processo de expulsao a que estes trabalhadores estao submetidos em suas regioes de origem. Para a realizacao do livro era necessario, portanto, juntar estes dois olhares: o olhar do trabalho e das condicoes de trabalho nas regioes de destino e o olhar sobre o processo de expulsao nas regioes de origem. Para isto foram convidados para a elaboracao da pesquisa, que da origem ao livro os pesquisadores das Universidades Federais do Piaui e do Maranhao,

Referência(s)