Artigo Acesso aberto Produção Nacional

"Ut Rhetorica Musica" - Análise do Moteto "O Vos Omnes" a dois coros, de Manoel Dias de Oliveira

1992; Programa de Pós-graduação em Música (USP); Volume: 3; Issue: 1 Linguagem: Português

10.11606/rm.v3i1.55038

ISSN

2238-7625

Autores

Maurício Dottori,

Tópico(s)

Linguistics and Language Studies

Resumo

Na fase inicial do barroco, quando as cadências exigidas pela retórica musical, com fins expressivos, tornaram-se freqüentes, um número significativo de teóricos, em sua maioria alemães, tomaram emprestada a terminologia das figuras da retórica clássica, tendo em vista as tradicionais (ainda que genéricas) afinidades entre a música e a retórica, para explicar de forma racional as licenças praticadas pelos compositores de então. Na medida em que, durante o período barroco, as "figurae" musicais, que foram liberdades tomadas sobre os limites da teoria do contraponto - teoria que nada mais é do que a classificação sistemática dos intervalos melódicos e harmônicos e das suas possíveis combinações e progressões -, foram se tornando habituais, cada vez menos houve necessidade de justificá-las através de uma comparação com a retórica clássica. Tampouco os manuais de baixo contínuo jamais ganharam importância como base teórica para as novas composições, mas foram sempre uma espécie de auxílio técnico para elas, justificando (contrapontisticamente) as partes intermediárias deixadas sem escrever. Aquilo que os teóricos alemães haviam racionalizado tornara-se parte do ofício de todo compositor. Se Manoel Dias de Oliveira fez ou não uso de alguma terminologia, é impossível de se determinar, e a resposta provável é não; mas, que ele enfatizava a retórica musical torna-se óbvio na análise de um único moteto seu, o "O vos omnes", pertencente ao grupo de "Motetos de Passos", a dois coros, flautas, trompas e baixo.

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