
O Dilúvio de Noé e os primórdios da Geologia
2012; Sociedade Brasileira de Geologia; Volume: 42; Issue: 1 Linguagem: Português
10.5327/rbg.v42i1.1607
ISSN2317-4889
Autores Tópico(s)Cultural, Media, and Literary Studies
ResumoO tempo tecnologico, detalhista e acelerado que vivenciamos, e notavelmente diferente do mundo medieval, em termos cientificos e culturais. A ruptura surge ja na metade do seculo XVII, quando uma radical transformacao na visao de mundo dos homens cultos europeus gerou condicoes para construcao do mundo natural. Nao que a natureza estivesse ausente, mas sua percepcao era notavelmente distinta. Durante a alta idade media (seculo IV d.C.), o cristianismo e a idealizacao de um Deus Criador tornaram-se dominantes, implicando certa ligacao direta entre Deus e os fenomenos naturais. No inicio do seculo XVII, a forma de pensar a natureza era essencialmente medieval, mas o sucesso do Universo maquina/mecânico, associado ao desenvolvimento da Astronomia, Fisica e Quimica e dos primeiros instrumentos modernos, possibilitou um novo relacionamento com o mundo natural. Muitos sabios direcionaram sua atencao ao Diluvio Universal, devido a extraordinaria importância deste acontecimento para o mundo cristao. Em menos de cinquenta anos, os fosseis foram compreendidos como vestigios de seres antigos e o Diluvio foi analisado, subdividido em eventos e reconstruido como hipotese cientifica. Alem disso, percebeu-se que a paisagem nao era imutavel, e que as montanhas evoluiram a partir de antigas bacias oceânicas. Nestes anos, foi iniciado o desenvolvimento de muitos principios fundamentais da Geologia. Mas a atitude mais profunda e decisiva para formacao do pensamento moderno foi a compreensao das transformacoes naturais do planeta sem a intervencao de um Deus Criador. Hoje, perdemos a percepcao da notavel origem do pensamento geologico, bem como de sua importância para a separacao radical entre religiao e ciencia.
Referência(s)