Artigo Revisado por pares

‘Nem comem senão desse inhame’

2015; University of Wisconsin Press; Volume: 52; Issue: 1 Linguagem: Português

10.3368/lbr.52.1.42

ISSN

1548-9957

Autores

Maria João Dodman,

Tópico(s)

Colonialism, slavery, and trade

Resumo

Este artigo considera as representações dos géneros alimentícios, da alimentação, das refeições e condutas alimentares nos documentos sobre o descobrimento do Brasil. A análise centra-se especialmente na carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei Dom Manuel, visto ser o mais completo e significativo desses documentos. Este trabalho examina em primeiro lugar a importância dos géneros alimentícios na Europa de então, e como a infinita abundância encontrada no Brasil compete com as riquezas do império espanhol. Em segundo lugar, a alimentação, as refeições e as condutas à mesa funcionam para distinguir, por um lado, a ‘civilidade’ e a ‘cultura’ dos portugueses e, por outro, a ‘selvajaria’ e a ‘ignorância’ da população indígena. A comida, ou o acto de alimentar, transforma-se então numa experiência social destinada a converter e a domesticar o indígena de acordo com as ambições dos portugueses, os novos senhores da terra. Em último lugar, verifica-se também que os géneros alimentícios do Novo Mundo e as práticas indígenas resistem e subvertem as tentativas de conquista dos portugueses. A narrativa revela então não só algumas ocasiões de dissidência, mas também momentos nos quais os nativos desvendam a sua destreza e sabedoria.

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