Artigo Acesso aberto

Crianças que Abandonam a Urgência Pediátrica: Oportunidades Perdidas?

2014; Ordem dos Médicos; Volume: 27; Issue: 5 Linguagem: Português

10.20344/amp.4995

ISSN

1646-0758

Autores

Virgínia Machado, Sofia Peças, Isabel Periquito, Andreia Mota, Estela Veiga, Maria de Jesus Balseiro,

Tópico(s)

Ethics and Legal Issues in Pediatric Healthcare

Resumo

Introdução: As crianças que abandonam a Unidade de Urgência Pediátrica antes do seu processo de atendimento estar terminado podem apresentar um agravamento clínico posterior, relacionado com a falta de avaliação médica atempada.Objectivos: Este estudo teve como objectivo avaliar os casos de abandono na nossa Unidade de Urgência Pediátrica, caracterizar este grupo de crianças e a sua evolução clínica.Material e Métodos: Análise retrospectiva e descritiva dos processos de urgência das crianças que abandonaram a Unidade de Urgência Pediátrica do Hospital de São Bernardo antes de terminar o processo de atendimento, entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2012.Resultados: Um total de 538 crianças abandonou a Unidade de Urgência Pediátrica (1,35% de todas as admissões). A maioria (89,5%) não apresentava critério de observação urgente e abandonou antes da observação médica inicial (82,7%). A percentagem de abandonos foi maior nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro (64%), à terça-feira (19,3%) e durante o turno da tarde (60,8%). Estes períodos coincidiram com os picos de maior afluência à Unidade de Urgência Pediátrica. O tempo de espera para observação médica foi na maioria (94,4%) adequado à gravidade clínica. Seis doentes regressaram nas 72 horas seguintes, dos quais dois necessitaram de internamento.Discussão: Verificou-se uma percentagem de abandonos dentro do expectável. A menor gravidade aferida na triagem e os tempos de espera prolongados foram factores predisponentes ao abandono.Conclusão: A sobrelotação das Urgências Pediátricas com doentes sem critérios de urgência, que aumentam os tempos de espera, pode conduzir ao abandono com posterior readmissão em situação clínica de agravamento, o que na nossa série aconteceu em apenas dois casos.Palavras-chave: Criança; Desistência; Serviço de Urgência Hospitalar; Tempos de Espera; Portugal.

Referência(s)