Um som que silencia. Ciência e colonialidade nos estudos musicológicos da música cokwe da Lunda, 1961 e 1967.

2013; Volume: 2; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

2179-7501

Autores

Cristina Sá Valentim,

Tópico(s)

Brazilian cultural history and politics

Resumo

Este artigo procura analisar as representacoes coloniais inscritas em dois estudos musicologicos sobre a musica Cokwe do Lovua e Camissombo, Lunda, e publicados pela Diamang (Companhia de Diamantes de Angola), em 1961 e 1967. A atencao e centrada no discurso colonial construido na relacao entre conhecimento, poder e identidade, mais precisamente nos processos que, atraves de regimes de representacao especificos, visaram construir a alteridade como subalternidade. Para isso e necessario atender analiticamente nas colonialidades que legitimaram e efetivaram sistemas politicos coloniais, nomeadamente atraves da ciencia. Apresentando os resultados de uma investigacao em curso, este artigo sugere que o discurso cientifico produzido atraves destes estudos musicologicos foi uma ferramenta de dominacao politica e um processo epistemologico e ontologico. O colonialismo e, acima de tudo, uma configuracao cultural atraves da qual se vao construindo de forma hierarquizada e reciproca centros e margens, sendo a alteridade a categoria negativa do ‘Mesmo’. This article aims to analyze the colonial representations of two musicological studies about the Cokwe music of Lovua and Camissombo, Lunda, published by Diamang (Companhia de Diamantes de Angola) in 1961 and 1967. It focus on the colonial discourse produced in the relationship between knowledge, power and identity, precisely on the processes which through specific representational regimes build otherness as subalternity. For that is necessary analyze the colonialities that legitimized colonial political systems, namely through science. Presenting the results of an ongoing investigation, this paper proposes that the scientific discourse produced through these musicological studies was a political domination tool and a epistemological and ontological process. Colonialism is, above all, a cultural configuration through which are building in a hierarchical way and reciprocally centers and margins, and where the otherness is the negative category of the ‘same’.

Referência(s)