Artigo Produção Nacional

Deltas dominados por ondas: críticas às idéias atuais com Referencia particular ao modelo de Coleman & Wright

1990; Sociedade Brasileira de Geologia; Volume: 20; Issue: 1 Linguagem: Português

10.5327/rbg.v20i1.349

ISSN

2317-4889

Autores

José Maria Landim Domínguez,

Tópico(s)

Coastal and Marine Dynamics

Resumo

O estudo da evolucao quaternaria de planicies de cordoes litorâneos associados as maiores desembocaduras fluviais da costa leste do Brasil, consideradas como tipicos deltas dominados por ondas, demonstra que os modelos existentes de sedimentacao deltaica (e.g. Coleman & Wright) nao explicam de forma apropriada a evolucao quaternaria dessas areas. Modelos de sedimentacao deltaica em ambientes dominados por ondas se basearam em exemplos holocenicos cuja evolucao, a epoca do desenvolvimento desses modelos, era pobremente compreendida (e.g. Rios Sao Francisco, Senegal e Nilo). Apriorismo, raciocinio circular e aplicacao nao critica de principios de sedimentacao deltaica para estas areas pouco conhecidas, resultaram em concepcoes erroneas. Estas concepcoes erroneas sao discutidas a luz de informacoes obtidas pelo estudo da evolucao quaternaria da costa leste do Brasil. A discussao focalizara tres aspectos principais: 1. os modelos existentes nao levam em conta as variacoes do nivel do mar, as quais desempenharam um papel fundamental durante a evolucao das planicies de cordoes litorâneos brasileiras associadas a desembocaduras fluviais; 2. supoe-se tradicionalmente que alimentacao transversal (dip-feeding) 6 o modo predominante de introducao de sedimentos em planicies de cordoes litorâneos associadas a desembocaduras fluviais. No caso dos exemplos brasileiros, a alimentacao longitudinal (strike-feeding) por correntes longitudinais geradas por ondas desempenhou um papel importante na introducao de sedimentos arenosos para essas planicies. Em alguns casos, o volume de sedimentos introduzidos por correntes longitudinais comprovadamente suplantou o volume de sedimentos fluviais; 3. os modelos de sedimentacao deltaica existentes assumem que processos autociclicos foram os mais importantes a controlar mudancas na posicao dos canais fluviais (channel switching), nas planicies de cordoes litorâneos. Na costa leste do Brasil, elementos forcadores externos (alociclicidade), tais como subidas do nivel relativo do mar, foram os principais fatores a controlar mudancas na posicao dos canais fluviais. Finalmente, sugere-se que o uso do termo delta seja restrito aquelas acumulacoes costeiras nas quais processos fluviais sao os unicos responsaveis pela distribuicao de fades observada. Tal atitude certamente evitaria muito da confusao que permeia atualmente a literatura.

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