Os efeitos dos antidepressivos no organismo
2015; Frederico Kauffmann Barbosa; Volume: 12; Issue: 28 Linguagem: Português
ISSN
1807-8850
AutoresAnna Esther Costa Souza, Luiza Satie Cardoso Itano, Regina Martha dos Santos Rodrigues, Rute Paulino Pereira, Frederico Kauffmann Barbosa,
Tópico(s)Chemistry and Chemical Engineering
ResumoA descoberta no final da decada de 50 de drogas antidepressivas e sua utilizacao na pratica clinica trouxe um avanco importante no tratamento e no entendimento de possiveis mecanismos subjacentes aos transtornos depressivos. Os antidepressivos triciclicos (ADTs) e os inibidores de monoaminooxidase (IMAOs), embora muito eficazes, apresentavam efeitos colaterais indesejaveis causados pela inespecificidade de sua acao farmacologica e eram potencialmente letais em casos de superdosagem. Novas classes de antidepressivos surgiram a partir da pesquisa de moleculas desprovidas dos efeitos colaterais dos heterociclicos. Eles diferem dos classicos ADTs e IMAOs, irreversiveis pela seletividade farmacologica, modificando e aumentando os efeitos colaterais. Os antidepressivos nao influenciam de forma consideravel o organismo normal em seu estado basal, apenas corrigem condicoes anomalas. Em individuos normais nao provocam efeitos estimulantes ou euforizantes como as anfetaminas. Porem ainda e muito arriscado afirmar que pessoas com o sistema nervoso “normal” nao seja prejudicado com o uso indiscriminado deste medicamento. Podem surtir efeitos indesejaveis com qualquer tipo de droga, sempre ha um risco que deve ser considerado tanto pelo medico quanto pelo paciente. Apesar de muitos avancos na pesquisa, ainda nao se sabe ao certo o real efeito dos antidepressivos e seu mecanismo de acao, antidepressivos com estruturas quimicas diferentes possuem em comum a capacidade de aumentar agudamente a disponibilidade sinaptica de um ou mais neurotransmissores, atraves da acao em diversos receptores e enzimas especificos. Apesar de essencial, este efeito nao explica a demora para se obter resposta clinica (de 2 a 4 semanas em media), sugerindo que a resolucao dos sintomas da depressao requeira mudancas adaptativas na neurotransmissao. A principal teoria aceita para explicar tal demora e a da subsensibilizacao dos receptores pos-sinapticos. O aumento dos niveis de neurotransmissores por inibicao da MAO ou bloqueio das bombas de recaptura de monoaminas resulta nesta subsensibilizacao, cuja resolucao se correlaciona com o inicio da melhora clinica. Apos o inicio do tratamento, depois que realmente foi diagnosticada a depressao, o paciente nao deve abandona-lo, pois alem do medicamento comecar a fazer o efeito necessario somente apos duas semanas, o abandono pode causar crises muito piores que as anteriores. Porem, nem todos os medicados conseguem ir ate o fim com o tratamento, uma das maiores causas da desistencia e o ganho de peso, causado pelos remedios. Ha estudos que mostram que logo na primeira dose o remedio pode causar dependencia, ele promove alteracoes tanto estruturais quanto funcionais nas celulas nervosas, sendo uma unica dose o suficiente para gerar um estagio inicial de vicio. O consumo de medicamento se usado por quem nao precisa e arriscado, porem esse nao e o unico problema, alem de tomar medicamento errado, ainda administra de forma errada o que acaba levando a uma superdosagem desta substância A analise dos dados de superdosagem indica que o maior risco dos antidepressivos e o obito por dose excessiva, sendo que o numero destes eventos ultrapassa, de longe, o dos obitos por efeitos adversos. Sugere-se que quaisquer avaliacoes dos beneficios e dos riscos globais de drogas antidepressivas devem incluir nao apenas os riscos com doses terapeuticas, mas tambem os perigos decorrentes da superdosagem. Um outro problema tambem e a abstinencia desse medicamento quando seu uso e interrompido abruptamente. Atualmente esta sendo usado um novo tipo de medicamento que e mais seguro que os antidepressivos convencionais que eram utilizados anteriormente: os chamados inibidores da recaptacao da serotonina tem sido o grupo de drogas mais empregadas no tratamento de disturbios psiquiatricos como depressao, ansiedade, bulimia, estresse pos-traumatico. Porem um dos problemas mais frequentes associados ao uso desses inibidores e o aparecimento de sindrome de abstinencia, quando sua administracao e interrompida abruptamente. Sindrome de abstinencia e definida como “um conjunto de sinais e sintomas de instalacao e duracao previsiveis, que envolve sintomas psicologicos e orgânicos previamente ausentes a suspensao da droga e que desaparecem depois que ela foi reiniciada”. Quanto mais rapidamente a pessoa parar de tomar o medicamento apos o inicio do tratamento, e mais provavel que ela sofra com essa sindrome, para que o paciente nao sofra com isso, a dose de medicamento deve ser diminuida gradativamente.
Referência(s)