
Anthony Giddens entre a hermenêutica e a crítica: o status do conhecimento de senso comum na teoria da estruturação
2014; Universidade de São Paulo - FM/USP; Volume: 21; Issue: 2 Linguagem: Português
10.11606/issn.2176-8099.pcso.2014.97218
ISSN2176-8099
Autores Tópico(s)Foucault, Power, and Ethics
ResumoO artigo se debruça sobre a relação entre Ciência Social e saber de senso comum na teoria da estruturação de Giddens, apresentando-a como uma síntese de diferentes versões da “apologia” e da “crítica” do conhecimento social leigo nas Ciências Humanas. Tal síntese postula um “ponto de partida hermenêutico”, segundo o qual a elucidação de formas de vida depende do contato com os recursos simbólicos que tornam possível a um nativo participar dessas formas de vida, ao mesmo tempo em que defende que a interpretação hermenêutica deve ser combinada à objetivação de condições e efeitos societários que operam à revelia das intenções e/ou do conhecimento dos agentes. Contra os paladinos da “ruptura epistemológica” como passo primeiro da Ciência Social, Giddens abraça a tese de que o contato epistêmico com os saberes pragmáticos mobilizados pelos atores é requisito sine qua non para um retrato acurado de suas práticas. Contra a redução da análise social a um relatório de como os agentes leigos pensam e representam seus contextos coletivos, ele articula a mesma tese às tradicionais preocupações da Sociologia estrutural com circunstâncias não reconhecidas e consequências não intencionais da ação social. O sociólogo britânico delineia, assim, uma sugestiva “terceira via” entre a sensibilidade hermenêutica e o questionamento epistemológico e ético-político das noções de senso comum que sempre caracterizou a teoria social crítica.
Referência(s)