Resposta do coquinho-azedo à adubação mineral e orgânica em fase de desenvolvimento inicial

2007; Associação Brasileira de Agroecologia; Volume: 2; Issue: 2 Linguagem: Português

ISSN

1980-9735

Autores

César Fernandes Aquino, Paulo Sérgio Nascimento Lopes, Humberto Pereira da Silva, José Maria Gomes Neves, Roberto Cardoso de Moura,

Tópico(s)

Agricultural and Food Sciences

Resumo

Resposta do coquinho-azedo a adubacao mineral e orgânica em fase de desenvolvimento inicial Answer of the coconut-acidity to the mineral and organic manuring in phase of initial development Resumo O Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.) Becc) destaca-se pela sua importância socio-economica, constatada pelo elevado consumo do seu fruto in natura ou na forma de sucos, sorvetes e picoles. O extrativismo intenso consiste na unica forma de exploracao, da especie. Este estudo objetiva avaliar o desenvolvimento inicial do coquinho-azedo em funcao de diferentes fontes e dosagens de adubos. Para tanto, foi conduzido um experimento em delineamento de blocos casualizados, com cinco tratamentos, quatro blocos e duas plantas por parcela. Os tratamentos foram: 1- sem adubacao; 2- 20 l de esterco de curral na cova antes do plantio; 3- aplicacao mensal de 12,8 g de ureia e 8,3 g de cloreto de potassio em cobertura; 4- aplicacao mensal de 25,6 g de ureia e 16,6 g de cloreto de potassio em cobertura; 5- aplicacao de 20 l de esterco de curral na cova antes do plantio e a mesma dose seis meses apos o plantio. As plantas foram avaliadas 20 meses pos-plantio. Os tratamentos aplicados nao apresentaram diferencas estatisticas significativas, sendo as medias encontradas para altura total de 10,12 cm, numero folhas pinadas 9,5 cm, comprimento da 1o folha de 39,2 cm; 2o folha 40,1cm e 3o folha 39,2 cm e diâmetro de 23,8 mm. Palavras chave: Butia capitata, adubacao, cerrado, nutricao, extrativismo. Abstract The Coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.) Becc) stands out for your socioeconomic importance, verified by the high consumption of your fruit in natura or in the form of juices, ice creams and popsicles. The intense extrativismo consists of the only exploration form, of the species. This study aims at to evaluate the initial development of the coquinho-azedo in function of different sources and dosage of fertilizers. For so much, an experiment was led in lineation of blocks casualizados, with five treatments, four blocks and two plants for portion. The treatments were: 1 - without manuring; 2 - 20 l of corral manure in the hole before the planting; 3 - monthly application of 12,8 g of ureia and 8,3 g of potassium chloride in covering; 4 - monthly application of 25,6 g of ureia and 16,6 g of potassium chloride in covering; 5 - application of 20 l of corral manure in the hole before the planting and the same dose six months after the planting. The plants were appraised 20 months powder-planting. The applied treatments didn't present significant statistical differences, being the averages found for total height of 10,12 cm, number leaves pinadas 9,5 cm, length of the 1st leaf of 39,2 cm; 2nd leaf 40,1cm and 3rd leaf 39,2 cm and diameter of 23,8 mm. Key words: Butia capitata, manuring, cerrado, nutrition, extrativismo. Introducao O norte de Minas Gerais possui a maioria da sua area coberta com a vegetacao de cerrado. Essa vegetacao possui inumeras especies de plantas que tem sido identificadas como portadoras de propriedades que as tornam atrativas para a exploracao pelo homem (Blumenschein & Caldas, 1995). Dentre as especies se destaca uma palmeira conhecida como coquinho-azedo (Butia capitata (Mart.) Becc) que ocorre com predominância acompanhando as margens dos rios e corregos (Martins, 2003). No Norte de Minas, muitas familias vivem do extrativismo e o coquinho esta entre as especies mais coletadas do cerrado, pois o mesocarpo dos frutos e muito apreciados pela populacao local, tanto para consumo in natura, quanto na fabricacao de sucos, picoles e sorvetes. Alem disso, suas folhas sao utilizadas para a cobertura de casas de pau-a-pique e artesanato, enquanto as sementes (amendoas) sao aproveitadas para fabricacao de oleo comestivel (Silva 1998). Isto demonstra o potencial desta frutifera e quanto esta pode contribuir para gerar renda e emprego em comunidades rurais carentes. A exploracao desta especie e feita de forma extrativista e muitas vezes predatoria, o que provoca a perda de genotipos superiores, acarretando problemas na disseminacao e sustentabilidade da especie. Desta forma torna-se imprescindivel que o cultivo delas seja iniciado o mais breve possivel. Entretanto, segundo Carpanezzi et al. (1976), informacoes sobre exigencias nutricionais de especies florestais, em especial das essencias nativas, sao escassas. Ademais em muitos casos, os cultivos nao podem ser realizados em larga escala em decorrencia de poucos estudos sobre a variabilidade genetica, tecnicas de cultivo, crescimento e desenvolvimento dessas especies. Desta forma a domesticacao do coquinho-azedo com implantacao de pomares comerciais pode ser uma grande oportunidade economica para o norte de Minas Gerais, porem, e importante conhecer a resposta desta especie a adubacao com vistas a potencializar o seu desempenho produtivo sustentavel. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento agronomico do coquinho-azedo implantado em sistema de plantio, em funcao de diferentes doses e fontes de adubos. Material e Metodos O presente experimento esta sendo conduzido na area experimental do Nucleo de Ciencias Agrarias da UFMG em Montes Claros – MG. Na area foram coletadas amostras de solo para analises quimica e fisica, apresentando um solo de textura argilosa e com boa fertilidade. Os frutos foram coletados de matrizes de boa aparencia no municipio de Montes Claros. Em seguida procedeu-se com despolpamento de forma manual, com o auxilio de faca. As sementes foram plantadas, em leito de areia, sendo repicadas quando as plântulas atingem 20cm de altura para sacolas com substrato contendo duas medidas de terra por uma de esterco de curral. Quando as mudas ja estavam com 4 a 5 folhas iniciais, selecionou as mais homogeneas, tendo como base no porte e numero de folhas. As mesmas foram plantadas utilizando um espacamento de 2,5 x 3 m. O experimento foi organizado segundo um delineamento de blocos casualizados, com 4 blocos, 5 tratamentos e 2 plantas por parcela. Os tratamentos foram: 1- sem nenhum tipo de adubacao; 2- 20 l de esterco de curral na cova antes do plantio; 3- aplicacao mensal de 12,8 g de ureia e 8,3 g de cloreto de potassio na cova; 4- aplicacao mensal de 25,6 g de ureia e 16,6 g de cloreto de potassio na cova; 5- aplicacao de 20 l de esterco de curral na cova antes do plantio e a mesma dose seis meses apos o plantio. As plantas foram avaliadas com vintes meses pos-plantio, quanto a altura total de plantas, numero de folhas iniciais, numero de folhas definitivas, comprimento do limbo foliar e diâmetro do caule. A altura total foi tomada do solo ate a altura de insercao da folha flecha. O comprimento do limbo foliar foi medido na 1a, 2a ou 3a folha, que se encontrava aberta a partir da folha flecha (Reis et al. 1996). O diâmetro foi medido com um paquimetro. Para a determinacao do diâmetro foi estabelecida uma altura de 3 cm a partir do solo. Resultados e discussao Ao termino de vinte meses, os tratamentos aplicados nao diferiram significativamente, sendo as medias encontradas para altura total de plantas de 10,2 cm, do numero de folhas pinadas de 9,5 cm, do comprimento do limbo foliar para a 1o folha de 39,2 cm, da 2o folha de 40,1cm e 3o folha de 39,2 cm e diâmetro do caule de 23,8 mm. As adicoes de doses de ureia e cloreto de potassio, nao influenciaram no crescimento das plantas do coquinho-azedo. Provavelmelmente os tratamentos nao interferiram no crescimento inicial do coquinho-azedo devido a area onde esta implantado o experimento apresentar uma boa fertilidade, suprindo assim as exigencias nutricionais da planta nesta fase. Associado a isso, como o coquinho-azedo sobrevive e produz naturalmente em areas de baixa fertilidade, a sua exigencia nutricional pode ser limitada, impedindo assim que nao haja resposta das plantas nesta fase a adubacao. Conclusao Conclui-se, portanto, que o coquinho-azedo em fase de desenvolvimento inicial nao demonstrou resposta a adubacao orgânica e mineral. Refererecias Bibliograficas BLUMENCHEIN, A.; CALDAS, R. A. Projeto de domesticacao de plantas do cerrado e sua incorporacao a sistemas produtivos regionais. Goiânia: UFG, 1995. 91p. CARPANEZZI, A.A.; BRITO, J.O.; FERNANDES, P.; JARK FILHO, W. Teor de macro e micronutrientes em folhas de diferentes idades de algumas essencias florestais nativas. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba, v.23, p.225-232, 1976. MARTINS, E. R. Projeto: conservacao de recursos geneticos de especies frutiferas nativas do norte mineiro: coleta, ecogeografia e etnobotânico. Montes Claros. UFMG, 2003. 76p. (Relatorio institucional). REIS, A., KAGEYAMA, P.Y., REIS, M.S. & FANTINI, A.C. 1996. Demografia de Euterpe edulis Martius (Arecaceae) em uma floresta densa montana em Blumenau, SC. Sellowia 45-48:13-45. Silva, S. R. Plantas do Cerrado utilizadas pelas comunidades da regiao do Grande Sertao Veredas. Brasilia: Fundacao Pro-Natureza. FUNATURA, 1998. 109p.

Referência(s)