
A busca de soluções para o problema das heparinas no mercado nacional
2009; Elsevier BV; Volume: 17; Issue: 2 Linguagem: Português
10.1590/s2179-83972009000200006
ISSN2179-8397
AutoresWalter J. Gomes, Domingo Marcolino Braile,
Tópico(s)Global Public Health Policies and Epidemiology
Resumom 2008, o mercado mundial enfrentou um perio-do conturbado com relacao a confiabilidade doproduto heparina. Nos Estados Unidos e na Eu-ropa, lotes de heparina nao-fracionada apresentaramcontaminacao fraudulenta e deliberada com a condroi-tina hipersulfatada, que resultaram em morte de cen-tenas de pacientes. O Brasil tambem foi assolado peloproblema da heparina, mas de outra forma.No inicio de 2008, apos a retirada abrupta domercado da heparina nao-fracionada endovenosa dolaboratorio Roche (Liquemine), a Sociedade Brasileirade Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) comecou a rece-ber alarmante aumento de consultas de cirurgioescardiacos de todo o Pais, relatando o aparecimentode complicacoes com a utilizacao de outras marcasde heparina disponiveis no mercado nacional. Essascomplicacoes reportadas envolveram principalmenteaumento de sangramento pos-operatorio e apareci-mento de sindrome vasoplegica.A mobilizacao da SBCCV comecou pelo contatocom o laboratorio Roche, que reafirmou a decisao decessar a producao do Liquemine endovenoso. Essamarca de heparina (produzida a partir da mucosa dointestino de suinos) era utilizada pela quase totalidadedos Servicos de Cirurgia Cardiovascular do Pais eapresentava grande confiabilidade. Ao mesmo tempo,a Agencia Nacional de Vigilância Sanitaria (ANVISA)foi notificada e as providencias cabiveis, solicitadas.Em seguida, a SBCCV procurou diretamente ascompanhias farmaceuticas que comercializam a hepa-rina sodica nao-fracionada no Brasil. Os laboratoriosEurofarma e Bergamo produzem heparina sodica in-jetavel a partir de materia-prima (mucosa de intestinobovino) fornecida por empresas nacionais.A analise desses produtos, realizada no Laborato-rio de Tecido Conjuntivo da Universidade Federal doRio de Janeiro, e testes adicionais realizados nos labo-ratorios da Universidade Federal do Parana e da Uni-versidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande doSul, mostraram nao haver evidencia de contaminacaopela condroitina hipersulfatada no produto analisado.Tambem se observou que a quantidade de heparinade baixo peso molecular estava de acordo com oproduto de referencia.Entretanto, com base nessas analises, evidenciou-se clara diferenca de potencia de acao entre as hepa-rinas nao-fracionadas de origem bovina e as de ori-gem suina, que era o caso do Liquemine. As heparinassuinas tem maior potencia de acao que as bovinas,havendo necessidade de reajuste de dose e monitori-zacao mais acurada quando da mudanca do produto,o que ajuda a explicar as complicacoes observadas naocasiao da retirada do Liquemine do mercado
Referência(s)