
Resenha: tábula rasa: a negação contemporânea da natureza humana
2005; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 21; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s0102-37722005000300015
ISSN1806-9770
Autores Tópico(s)Neuroscience, Education and Cognitive Function
Resumomateria e mente, fisico e mental, biologia e cultura, natureza e sociedade, ciencias e ciencias sociais e humanas. Sao propos-tas quatro pontes que ligariam a biologia e a cultura: a ciencia cognitiva, a neurociencia cognitiva, a genetica comportamen-tal e a psicologia evolucionista. O capitulo seguinte traz uma discussao sobre cultura e natureza humana, e inicia-se com uma parte do conto “A loteria da Babilonia” de Jorge Luis Borges, para ilustrar como a cultura costuma ser entendida: “um conjunto de papeis e simbolos que misteriosamente recaem sobre o individuo” (Pinker, 2004, p. 91). Pinker propoe uma alternativa evolutiva a essa crenca: as culturas dependem de um conjunto de circuitos neurais responsaveis pela aprendizagem, os quais fundamentam o comportamento das pessoas, permitindo-lhes serem membros competentes da cultura. Com o intuito de demonstrar que algumas hipo-teses nao sao confirmacoes da doutrina da tabula rasa e sim produtos dela, o ultimo capitulo da primeira parte retrata tres questoes cientificas interpretadas como obstaculos a possi-bilidade de uma natureza humana complexa, quais sejam: o Projeto Genoma Humano, o conexionismo e os estudos da plasticidade neural. O autor refuta as tres perspectivas.A segunda parte do livro expoe as reacoes politicas da direita e da esquerda, motivadas pelas novas ciencias da natureza humana. No Capitulo 6, o autor descreve as “lorotas” produzidas como reacao as novas ideias sobre a natureza humana e, depois, no Capitulo 7, mostra como essas reacoes nasceram de um imperativo moral de defender a tabula rasa, o bom selvagem e o fantasma na maquina. Apos citar va-rios autores que se revoltaram contra as teorias da natureza humana, discute algumas razoes para as criticas a essas teorias terem ido alem do debate academico, transformando-se em deturpacoes e acusacoes caluniosas de carnificina. Pinker aposta que a hostilidade da direita em relacao as ciencias da natureza sucumbira diante dos crescentes indicios de que a teoria da evolucao e correta. Critica a hostilidade da esquerda radical que, segundo ele, marca a vida intelectual moderna (establishment academico) e utiliza o dogma da biologia desvinculada da ordem social humana como salvo-conduto para enfrentar as turbulencias politicas da academia.Na terceira parte, Pinker diz que questoes como ideais de igualdade, progresso, responsabilidade e valores pessoais devem ser tratadas sem medo e aversao, pois uma concepcao renovada de significados e moralidade sobrevivera a extincao da tabula rasa. Seus argumentos giram em torno da explicacao a respeito dos quatro principais temores sobre a natureza humana: medo da desigualdade, medo da imperfectibilidade, medo do determinismo e medo do niilismo. Para cada um desses temores e dedicado um capitulo, nos quais sao explicadas suas bases e apontadas quais afirmacoes sobre a Numa epoca de intensas discussoes sobre a etica que envolve nosso patrimonio genetico e as pesquisas com celu-las-tronco, e publicado “Tabula Rasa”. Nesse livro polemico, atraves do debate entre natureza e criacao, o psicologo cana-dense Steven Pinker pretende desfazer o mito da tabula rasa, segundo ele tao presente na atualidade. Mito que distorce politica e emocionalmente as descobertas da ciencia sobre a natureza humana a qual, sendo parcialmente biologica, implica a existencia de diferencas geneticas da personalidade, dos sexos, dos comportamentos violentos, etc. Para o autor a compreensao disso nos ajudaria a melhorar a adaptacao da nossa especie, ao contrario do que pensam os mais temerosos, ou seja, que esta visao acarretaria um retorno a eugenia e a discriminacao. Com isso, ele alerta para o fato de os tradi-cionais alinhamentos politicos precisarem mudar diante da evolucao dos conhecimentos sobre os seres humanos. Tenta nos mostrar que a natureza humana pode ser um problema, mas tambem a solucao.Apresentado em 20 capitulos distribuidos em seis partes, o livro tem como tema principal a natureza humana, ou seja, “uma dotacao de faculdades cognitivas e emocionais que e universal nos especimes sadios do Homo sapiens” (Pinker, 2004, p. 200). Baseia-se na opiniao do autor sobre a exis-tencia de uma natureza humana universal, na qual a mente deve parte de sua estrutura a informacoes no genoma, sendo moldada pela selecao natural com uma logica comum a todas as culturas e nao podendo ser apagada ou redesenhada a partir do zero. Mas segundo Pinker, existe “a teoria oficial” que se opoe a esse entendimento, embasada nas tres teorias que intitulam a primeira parte do livro: a tabula rasa, o bom selvagem e o fantasma na maquina. De autoria de Locke, Rousseau e Descartes, respectivamente, essas teorias sao conhecidas como empirismo, romantismo e dualismo. O autor afirma que, com frequencia, elas sao encontradas juntas e ainda figuram nos tempos atuais para justificar a separacao entre cultura e biologia, tornando a natureza humana um tabu. Otto Jespersen, um importante linguista, e o primeiro de uma lista de teoricos citados para ilustrar a presenca dessas ideias nas teorias que embasam a psicologia moderna.Do terceiro ao quinto capitulo, encontramos um resumo da atual argumentacao cientifica a favor de uma natureza humana complexa, cujas implicacoes sao examinadas no decorrer do livro. E apontado como as ciencias da mente, cerebro, genes e evolucao, ao trazer uma nova compreensao da natureza humana, fazem cair por terra a separacao entre
Referência(s)