Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

O estigma do pecado: a lepra durante a Idade Média

1995; UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO; Volume: 5; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s0103-73311995000100007

ISSN

1809-4481

Autores

Paulo G. Pinto,

Tópico(s)

History of Medicine Studies

Resumo

O percurso da lepra e dos leprosos durante o período medieval constitui um objeto privilegiado para o estudo do impacto de uma doença sobre determinada sociedade e dos mecanismos sociais envolvidos na percepção, delimitação e destino das doenças, pois ela atingiu o Ocidente medieval em um momento em que este se definia de forma excludente em relação à alteridade. Os dispositivos que a Idade Média criou para superar a desestruturação trazida pelo advento da lepra, excluindo os leprosos do convívio social e encerrando-os em um universo à parte, o qual despertava, ao mesmo tempo, medo, desconfiança e ódio, tiveram uma enorme aceitação social. Assim, a segregação e o confinamento que se cristalizaram em tomo dos leprosos, apareceram, por muito tempo, no tratamento que a sociedade ocidental dispensou aos seus párias; além disso, a própria medicina ocidental os incorporou como base da ação terapêutica, em que o isolamento dos doentes passou a ser uma via obrigatória para a cura.

Referência(s)