Terapia gênica na DMD
2015; Frederico Kauffmann Barbosa; Volume: 12; Issue: 28 Linguagem: Português
ISSN
1807-8850
AutoresCarla Santos Oliveira, Mariana Muniz Dos Santos Guella, Frederico Kauffmann Barbosa,
Tópico(s)Science and Education Research
ResumoA possibilidade de transferir informacao genetica de um organismo para outro, que constitui o fundamento da terapia genica, e conhecida, em bacterias, desde 1944, a partir da classica experiencia de Avery, McLeod e McCarty. Nas decadas de 60 e 70, a ideia de transferir genes para curar doencas em humanos tornou-se mais proxima da realidade: desenvolveram-se linhas de celulas geneticamente marcadas; compreendeu-se o mecanismo de transformacao celular em mamiferos pelos virus polioma e SV40 e, posteriormente, criaram-se as tecnicas de DNA recombinante permitindo, assim, a primeira tentativa de transferencia genica em organismos complexos. No final da decada de 80, o National Institutes of Health (NIH) aprovou o primeiro protocolo para teste de terapia genica em humano, o qual consistia na transferencia de genes do sistema imune para um paciente em estado avancado de neoplasia maligna. O objetivo, na epoca, nao era avaliar eficacia terapeutica, mas sim demonstrar que um gene pode ser transferido, com seguranca, para dentro do paciente e em seguida identificado em celulas retiradas do mesmo. Em 1990, foram realizados nos Estados Unidos, com objetivos clinicos cientificos, os primeiros casos de terapia genica em humanos: duas criancas com deficiencia da enzima adenosina deaminase (ADA) foram tratadas por terapia genica somatica, visando avaliar a eficacia terapeutica de linfocitos autologos nos quais se inseriu o gene normal da ADA, e determinar a sobrevida desses linfocitos in uivo e o tempo de expressao do gene nele inserido. Para Weatherall, os procedimentos tecnicos necessarios a terapia genica em humanos sao faceis de enumerar (cinco passas), porem dificeis de alcancar: o primeiro passo consiste em isolar o gene e suas sequencias reguladoras; o segundo - visando a obtencao de um numero necessario de celulas para reintroducao no paciente, na necessidade de se obter em cultura uma quantidade suficiente de celulas retiradas do paciente, nas quais sera inserido o gene terapeutico. O terceiro passo e dispor de um mecanismo eficiente (vetores) para inserir o gene nas celulas; o quarto, que o gene inserido incorpore-se ao genoma celular e funcione, isto e, que haja produto genico em quantidade suficiente e por longo tempo; e o quinto, que todos estes procedimentos novos apresentem efeitos colaterais indesejaveis. Dois tipos de tecnicas, denominadas de ex vivo e in vivo, sao utilizadas para levar genes para o interior das celulas somaticos do corpo humano. Na tecnica ex vivo, retiram-se celulas do paciente, faz-se cultura das mesmas, usam-se vetores para nelas inserir o gene previamente isolado e por infusao, essas celulas tratadas sao levadas de volta ao paciente. As celulas da medula sao as mais usadas em terapia ex vivo, embora existam testes em outros tipos de celulas. Na tecnica in vivo, o gene e levado diretamente ao organismo do paciente, tambem usando vetores, porem dispensando a retirada de celulas e sua subsequente reintroducao no paciente. O isolamento do gene e o seu teste em culturas de celulas nao constituem grandes problemas de ordem tecnica e/ou bioetica para fins de tratamento de doencas. A tecnologia de DNA recombinante, desenvolvida em organismos simples, vem sendo, com sucesso, transposta para organismos complexos, inclusive o humano. O desenvolvimento de vetores, todavia, continua sendo um dos grandes problemas em terapia genica, tanto do ponto de vista tecnico como etico. O gene isolado e replicado precisa de um vetor que o transporte para dentro de celulas especificas do paciente, que o incorpore ao DNA destas celulas e o ative para desempenho exclusivo e adequado da funcao.
Referência(s)