Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Entre conselho e incesto: a irmã do rei

2011; Civilisations et Littératures d’Espagne et d’Amérique du Moyen Âge aux Lumières (CLEA) - Paris Sorbonne; Issue: 12 Linguagem: Português

10.4000/e-spania.20879

ISSN

1951-6169

Autores

Maria do Rosário Ferreira,

Tópico(s)

Medieval Iberian Studies

Resumo

Propõe-se neste estudo uma reflexão sobre a natureza do poder de um número não negligenciável de personagens femininas, filhas de reis ou de condes do centro e do ocidente peninsular que, entre os séculos X e XII, tiveram um importante papel político e institucional, desempenhado sobretudo num âmbito para-eclesial. A historiografia retratou algumas destas mulheres como conselheiras dilectas dos reis seus irmãos; a documentação sugere que o poder por elas detido era exercido em aliança estreita com um membro masculino da dinastia real ou condal, investido de funções soberanas; e a tradição lançou sobre o par mais notório, Afonso VI e a infanta Urraca Fernandes, um libelo de incesto. A perspectiva adoptada sustenta que não se terá tratado de situações fortuitas de partilha de poder, mas da repetição de um padrão de herança repartida da soberania. Tal padrão, cujas raízes mergulhariam em particularidades matrilineares do antigo sistema de sucessão régia asturiano refuncionalizadas num contexto patrilinear, concederia à irmã a prerrogativa simbólica de legitimação do exercício fraterno do domínio sobre o território.

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