Memorial do convento: "falar das mãos, falar das obras"
2004; Unversidade Federal do Rio de Janeiro; Volume: 6; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1590/s1517-106x2004000100009
ISSN1807-0299
Autores Tópico(s)Urban and sociocultural dynamics
ResumoMemorial do convento inscreve a via literária na importante tradição reflexiva sobre o desmerecimento do trabalho, problema posto em plano histórico de longo curso no Brasil e em Portugal. Nesse romance de José Saramago, paralelamente à história da construção do convento de Mafra, narra-se a história de uma outra construção, a da passarola. Se a edificação do Convento traz a marca do trabalho como suplício, a da passarola constitui a afirmação da capacidade criativa dos que a constroem, com base em uma verdadeira complementaridade de esforços. Porém não há no Memorial oposição simplista entre uma dimensão positiva e outra negativa do trabalho, pois entre os principais intentos do narrador, que diz respeito tanto ao modo como caracteriza os esforços para erguer a passarola quanto às descrições das obras do convento, figura o de retirar o respaldo à divisão estrita entre a faina braçal e a dimensão intelectiva de certas tarefas.
Referência(s)