
A simplicidade de um rei: trânsitos de Roberto Carlos em meio à cultura popular de massa
2012; UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA; Volume: 27; Issue: 3 Linguagem: Português
10.1590/s0102-69922012000300022
ISSN1980-5462
AutoresMarcos Henrique da Silva Amaral,
Tópico(s)Youth, Politics, and Society
Resumoiante do desfile da agremiacao carnavalesca Beija-Flor, em 2011, tomado como pinaculo da trajetoria de consolidacao do cantor Roberto Carlos, e do esquema teorico-analitico configuracional de Norbert Elias, esta pes-quisa lanca mao de uma sociobiografia para compreender, inicialmente, os as-pectos socio-historicos que fizeram as criacoes do artista sobreviverem ao pro-cesso de selecao de uma serie de geracoes, sendo gradualmente absorvidas no padrao dos produtos culturais subsequentes, a maneira de denominacoes como o “sertanejo” e o “brega”. O recurso a sociobiografia prende-se ao objetivo prin-cipal desta pesquisa que e apreender e conceituar as feicoes da trajetoria de “transformacao” do “homem” Roberto Carlos no “idolo” Roberto Carlos, a partir da perspectiva da propagacao mundial do pop no escopo da cultura popular de massa, com suas repercussoes em um pais como o Brasil – na medida em que esta sociedade nacional se remaneja como uma estrutura urbano-industrial e de servicos, em que ganha contornos uma sociedade de consumidores. Fazendo a justaposicao entre homem e mito, o trabalho aponta para a trajetoria do cantor como figuracao do processo de longa duracao socio-historica de modernizacao. Destarte, o trabalho adquire relevância teorico-analitica, na medida em que re-monta o momento de conformacao do espaco social da musica popular no Brasil e, ademais, serve como elucidacao da forma com a qual os processos de moder-nizacao e industrializacao do simbolico introjetam novas memorias responsaveis por grandes saltos criativos e sinteses artisticas: enfim, uma reformulacao da criatividade musical a partir da propria rearticulacao da identidade nacional em torno de uma racionalidade tecnomercantil, que se conjuga a um “novo folclo-re”, ja urbano. A consagracao de Roberto Carlos como “Rei” passa pela articu-lacao, no âmbito de sua estrutura psiquico-afetiva, de memorias vinculadas ora a racionalidade tecnomercantil da cultura industrializada, ora a dimensao das emocoes extraidas de um “folclore aluvial” urbano. Com isso, desenha-se um debate sobre a modernizacao brasileira, cuja caracteristica e de manutencao do finalismo do espirito religioso, o que nos permite redesenhar teoricamen-te a construcao social do valor de Roberto Carlos, ou seja, sua atribuicao de
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