Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A complexidade e a simplicidade da experiência do luto

2011; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO; Volume: 24; Issue: 3 Linguagem: Português

10.1590/s0103-21002011000300001

ISSN

1982-0194

Autores

Regina Szylit Bousso,

Tópico(s)

Psychoanalysis and Psychopathology Research

Resumo

A complexidade e a simplicidade da experiência do luto O luto é uma reação natural e esperada ao rompimento de um vínculo, é um processo de elaboração de uma perda significativa, que não se aplica apenas a casos de morte, mas também a outras situações de privação irreversíveis, como separações ou aposentadorias.Não se considera perda quando não há interesse pelo que foi perdido.Assim, o seu significado é determinado de modo individual, subjetiva e contextualmente por quem a vivencia.O luto é a consequência da experiência de perda que acontece sempre que nossa vida for afetada pelo término de uma relação, de um projeto ou de um sonho.Ele significa um sofrimento emocional intenso causado pela perda, uma tristeza profunda, um processo dinâmico, individualizado e multidimensional pelo qual o indivíduo que perdeu algo significativo atravessa.Desde os primeiros trabalhos de Freud (1) , o luto vem sendo estudado e houve uma evolução muito grande na maneira de entender a sua experiência.A conceituação mais recente deste mistério que permeia a nossa condição humana é considerá-lo como uma experiência de vida inevitável, imprevisível, não relacionada aos estágios apresentados anteriormente nem resolúvel ou possível de ser "superado", mas é um evento que se torna parte da vida de maneira única, mutável ao longo da vida e de mudança de vida.Ele consiste em um processo normal e esperado de ressignificação e transformação da relação com a pessoa perdida, tarefa que permite sua elaboração (2) .Deste modo, ele não finaliza com uma "resolução", com a volta à normalidade, mas sim com a incorporação da perda na vida do enlutado, de tal modo que possa seguir a vida adiante com uma conexão contínua com o falecido, mas que possibilite também continuar a avançar na vida.Atualmente, os estudiosos não trabalham mais com a concepção de fases do luto, pelo risco de avaliarmos injusta e preconceituosamente a condição da pessoa de maneira genérica, deixando de lado suas particularidades.É um processo de transformação da relação com quem morreu, a qual, é relevante salientar, não pode ser simplesmente eliminada da vida do enlutado;

Referência(s)