Artigo Acesso aberto Revisado por pares

A águia e os estorninhos: Galileu e a autonomia da ciência

2001; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português

10.1590/s0103-20702001000100005

ISSN

1809-4554

Autores

Pablo Rubén Mariconda, Hugh Lacey,

Tópico(s)

Biblical Studies and Interpretation

Resumo

A idéia de que a ciência é "livre de valores" pode ser reconduzida à emergência da distinção entre fato e valor no século XVII. Pode-se considerar que essa idéia tem três componentes: imparcialidade, neutralidade e autonomia. Mostramos que partes importantes dessas idéias componentes foram desenvolvidas e defendidas por Galileu, principalmente em suas cartas a Castelli e à grã-duquesa Cristina e em seus livros O ensaiador e Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo. O argumento de Galileu em favor da autonomia é particularmente poderoso e, embora não tenha a generalidade introduzida por argumentos posteriores (uma vez que seu principal objetivo era o de garantir a autonomia da ciência com relação à autoridade da Igreja), permanece no cerne de todas as defesas subseqüentes da autonomia da ciência. Esse argumento está baseado em três suposições: que o entendimento científico está sujeito a critérios que são independentes da autoridade da Igreja e de qualquer perspectiva de valor; que os cientistas cultivam as virtudes do "ethos científico"; e que (porque usam linguagens diferentes - o argumento dos "dois livros") não pode existir contradição entre os juízos científicos apropriados e as declarações da Igreja. Finalmente, algumas limitações dos argumentos de Galileu são indicadas, sem serem desenvolvidas.

Referência(s)